terça-feira, 23 de dezembro de 2008

CONTEMPLANDO O NASCIMENTO DO NOSSO MENINO JESUS...



Mais um Natal chegou!! Este é um tempo propício para o nosso aprofundamento na experiência do conhecimento da intimidade DaquEle que se fez pequeno por nós...precisamos amar e seguir mais de perto os Seus passos. Então eu faço um convite a vocês: vamos contemplar juntos como tudo começou...contemplar o nascimento do nosso MeninoDeus!!
Comece silenciando suas palavras, seus pensamentos, sua alma...respire profundamente, peça ao Espírito Santo que te conduza e, assim, lance toda a sua imaginação na época em que Jesus nasceu. Em todas as cenas contempladas eu e você estamos presentes...somos amigos e companheiros de jornada de Maria e José (amigos íntimos da Sagrada Família!!!).
O final da gravidez da nossa doce Maria estava próximo. Em Nazaré, dentro da casa humilde e aconchegante, todos os preparativos estavam finalizados, trabalhamos incansavelmente para isso. No entanto, inesperadamente, precisamos ir até Belém, cidade de origem de José, para o recenseamento ordenado pelo edito de César Augusto. O inesperado às vezes causa certo mal-estar, mas, rapidamente, tudo é preparado e nos colocamos a caminho. Seguimos juntos nessa viagem, até Belém...
Saímos quando o sol derramava seus primeiros raios sobre Nazaré...a distância de Belém era de uns 150 km. A viagem foi longa, muito cansativa, especialmente para Maria. Foram tantas as dificuldades do caminho... o calor durante o dia, o frio durante a noite. José segurava com firmeza as rédeas do jumento, no qual Maria era conduzida. Ela estava envolta num manto que a protegia do vento, do frio, do sol...balançava o corpo ao ritmo do movimento do animal.
A alegria da chegada do Menino Jesus dominava os nossos corações. Maria e José estavam muito felizes...um pouco assustados com os acontecimentos e temerosos pelo que poderia acontecer, porém o brilho nos olhares era do mais puro amor. Havia cumplicidade no trato dos dois...cuidados, carinho. Caminhavam com dificuldades, mas nos mostravam, a cada passo dado, que não poderíamos desanimar, não devíamos parar nos obstáculos. Nós seguíamos junto a eles, animadamente pela estrada...caminhávamos silenciosamente em boa parte da jornada, meditando a beleza do momento que antecedia a chegada DaquEle que mudaria a história do mundo e das nossas vidas.
Eis que chegamos a Belém, situada na cintura semiárida que circunda o deserto da Judéia. A pequena cidade se localiza na parte alta de uma cadeia montanhosa. A vegetação aparece de forma discreta, com poucas árvores, as casas são feitas de pedras de um amarelo pálido e estão cercadas por muralhas que as protegem. A cidade ergue-se sobre várias colinas amplas, de topos planos e podemos ver, ao longo, as suas ruas íngremes e estreitas.
Os arredores de Belém são muito férteis, adequados ao plantio de cereais. Depois de atravessarmos campos sem fim, vagamos pela cidade a procura de um lugar para passar a noite. O povo estava agitado e não era nada hospitaleiro...embora todos observassem que tratava-se de uma mãe prestes a dar a luz, ninguém nos deu acolhimento. Maria tranqüilizava todos nós, dizendo que não nos preocupássemos, porque tudo estava conforme a vontade de Deus. Acabamos encontrando um estábulo, fora dos muros da cidade, onde tivemos que nos ajeitar.
Maria necessitava de um local tranquilo e isolado para o parto. Enquanto Ela descansava, deitada sobre um monte de feno, eu, você e José fizemos uma arrumação para que tudo ficasse confortável e acolhedor. Uma manjedoura foi preparada com carinho por José, na busca de dar conforto à Criança que chegaria a qualquer instante. Então, fomos todos descansar...
Tudo era paz naquele lugar...a noite era de calma, de silêncio, de louvor. Era uma noite santa, repleta de encantos e adornada por um céu iluminado por milhares de estrelas...podíamos ouvir o hino dos anjos do Senhor na canção da “Aleluia”, agradecendo a Deus pelo presente que iríamos receber, por meio da gratuidade do Seu imenso amor pela humanidade.
Foi então que os céus se abriram para o Menino nascer...o movimento foi discreto, tudo muito tranqüilo. Nós ficamos em oração para que tudo se fizesse conforme os desígnios divinos. O nosso doce Menino nasceu!!! Maria envolveu-o em faixas de panos macios e perfumados...então, o deitou na manjedoura, cuidadosamente preparada. Jesus tinha uma beleza rara...as bochechinhas rosadas, fartura de cabelo...era um bebê forte e viçoso.
Contemplávamos o nosso tesouro vindo dos céus, o nosso Deus que se fez pequenino para habitar entre nós. Estávamos maravilhados com AquEle que, desde o seu nascimento, nos trouxe a mensagem de um Deus de humildade...de um Deus mansidão. Mostrou-nos que é na simplicidade das coisas que o céu acontece em nossa história.


Deus se fez criança e, na fragilidade que lhe é própria, nos aguarda. Espera por nosso carinho, por nosso abraço, por nosso cuidado!!!


José olhava vagarosamente, admirado com a beleza do nosso Deus e cuidava para que Ele estivesse aquecido. Maria meditava silenciosamente todos os movimentos...estava encantada com a Criança que Deus enviou sob a Sua proteção. Ela pegou delicadamente o Menino nos braços e O embalou com muito carinho... começou a entoar uma cantiga de ninar, cheia de ternura e de esperança. De repente, Ela olhou fixamente para você, deu um largo sorriso e perguntou: quer segurar Jesus no seu colo? Você se aproximou e, cuidadosamente, segurou em seus braços a Divina Criança...beijou suas mãozinhas, enquanto Ele dormia serenamente. Não teve como conter as lágrimas que corriam quentes e repletas de emoção!!
Então, você O entregou em meus braços...olhei-O demoradamente e O abracei contra meu peito. Eu estava com o coração disparado, transbordando de alegria...um arrepio transpassou meu corpo e minha alma, revelando os significados daquele momento do mais puro amor. Foi nesse momento que eu prometi ao nosso Deus que cuidaria dessa criança pelo resto dos meus dias.
Ficamos em adoração ao nosso Menino Deus...o silêncio da noite nos permitia ouvir o vento...sentir a brisa leve e suave. O frescor daquele lugar com cheiro de mato molhado...a simplicidade, o aconchego, a paz e a magia do momento, nos traziam a certeza de que tudo seria transformado a partir daquele dia!!!

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Que o espírito natalino se perpetue em nossa alma por todos os dias do ano que vem chegando...busquemos trazer para as nossas festas e celebrações a presença viva desse Jesus Menino aqui e agora...presença que faz renascer, a cada momento, o anseio de ser criança novamente e, então, resgatar a alegria nas coisas simples da vida. Presença que nos faz crer na pureza dos olhares...nos faz acreditar que esse mundo pode ser melhor, através do nosso santo amor e do nosso santo cuidado!! Eu desejo, do fundo de minha alma, que cada um de vocês tenham vida ...e vida em abundância, afinal foi para isso que Jesus veio a este nosso planeta, chamado Terra!!!
Um santo e abençoado Natal a todos...todos os dias do ano 2009!!
Fátima Regina
Dezembro/2008

sábado, 25 de outubro de 2008

PEREGRINOS DA ESPERANÇA EM BUSCA DA FONTE DE ÁGUA VIVA!!




Saímos em peregrinação para uma “Terra Santa”...era meado do mês de outubro do ano 2008. A chuva caia tranqüila e prometia um friozinho ameno, daquele tipo que traz disposição para caminhar. Chegamos logo pela manhã, mas o sol ainda insistia em se esconder por entre as nuvens pesadas. O cansaço do corpo, que relutava com as 11 horas de viagem, não conseguiu superar o espírito que exultava de alegria...isso não importava...o coração estava disparado só de vislumbrar a entrada daquela cidade de povo simples...cidade com um jeito paulista, misturado a uma paisagem bem mineira, com muitas montanhas moldurando o cenário de um verde encantador!
Estávamos em Cachoeira Paulista, cidade do interior do estado de São Paulo, cortada pelo Rio Paraíba, detentora de uma beleza natural adornada por inúmeras cachoeiras...eis que adentramos ao berço da nossa querida Canção Nova!
Silenciosamente eu agradeci a Deus pelo privilégio daquele momento...quantas maravilhas Ele faz por nós!!! Quando meus pés tocaram, pela primeira vez, o solo sagrado da Canção Nova, uma emoção muito intensa inundou minha alma, meu corpo, meus pensamentos...a vontade era cair de joelhos e chorar feito criança...era sair pulando de alegria e pura felicidade...confesso que tive que me controlar!
As pessoas andavam rapidamente para algum lugar que eu ainda não sabia bem onde ficava...seguimos o fluxo daquele povo que tinha um grande sorriso nos lábios e um intenso brilho no olhar...todos queriam beber da “água viva”...e a fonte estava tão próxima!!!
Fomos, aos poucos, nos acomodando... então, tudo começou: os anjos do senhor, missionários daquela terra bendita, soltaram sua vozes...a unção das músicas, das orações, foi tocando cada alma ali presente, alimentando o nosso espírito e tudo estava conforme o desejo divino naquela hora. Éramos todos peregrinos da esperança na “Terra Prometida” por Deus...terra onde jorrava bênçãos e alegrias! Outros anjos, vindos do céu, passeavam entre a multidão... dava até para sentir o seu perfume...o toque suave de suas asas passando por nós! Tudo tão especialmente preparado...isso só pode ser coisa do Pai das Misericórdias que recebia e acolhia, naquele encontro, os seus filhos pródigos!
A vibração daquele povo sofrido em busca das curas e a alegria daqueles que viviam momentos de graça foi envolvendo os corações...o Espírito Santo foi lavando toda tristeza, e tudo se transformou em bençãos!!!
Eis que entrou aquele que conduziria nossa formação...e o que falar desse homem, desse Padre chamado Fábio de Melo? Com o seu olhar manso, veio se fazendo pai de cada um de nós...crianças, jovens e idosos...veio mostrando, com o seu jeitinho mineiro de ser, que a vida pode e deve ser bem melhor.Pe Fábio tem o olhar de Jesus...ele nos apresenta, a cada palavra dita, recitada ou cantada, o nosso Jesus maravilhoso que arrebata multidões. Traz, em suas canções, um Jesus que nos faz sonhar com uma vida cheia de esperanças...nos mostra um Deus que cuida de nós e enxerga com compaixão as nossas limitações. Um Deus que quer ressuscitar nossos sonhos e não quer que prolonguemos os nossos sofrimentos...nos apresentou o Pai que tem pressa em nos fazer felizes!
Pe Fábio, o senhor é um semeador do amor e da esperança no solo das nossas almas!!!!!!!!!!!


Sou peregrina da esperança...em busca da fonte da “água viva”!!

Foi assim que te encontrei, minha querida Canção Nova!!!

Terra de cachoeiras paulistas...

Terra Santa e prometida por Deus...

O Criador caprichou na feitura das suas curvas

Ornamentou a sua paisagem com tanto encantamento

Banhou sua natureza com água em abundância

Abençoou essa terra com um “Cântico Novo”!!!

O Bem-Te-Vi vem, todas as manhãs, para despertar esse seu povo missionário,

anjos do Senhor nessa Terra Sagrada

Anjos que vivem para “amar e evangelizar”

Levam a boa nova pelos confins da terra

Buscam formar “homens novos para um mundo novo”

Eis que dentro de mim o Bem-Te-Vi também veio cantar

Eis que o Espírito de Amor veio ser ”doce hóspede de minha alma”

Quero entoar uma “Canção Nova”

Quero beber, hoje e para sempre, da sua fonte de “água viva”!!!!!!!!
A JUJU, MAMÃE E D.CELIA, COMPANHEIRAS DE PEREGRINAÇÃO!!!


OLHA NÓS NA CANÇÃO NOVA!!!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

RELIGIÃO...o que essa palavra fala ao seu coração??




A palavra religião traz certo “peso” para boa parte das pessoas que conheço. Arrisco dizer que esse fato é herança da vivência que tiveram na infância e adolescência, quando as coisas de Deus traziam uma conotação de formalidade, ritual, doutrina, confissão, pecado e condenação. Religião que reporta a alma ao cheiro de vela queimando, faz recordar as ladainhas sem fim, repletas de palavras vazias...traz a lembrança das missas e cultos freqüentados por obrigação, onde muitas vezes somente o corpo estava presente, mas a ausência da alma era visível.
Tudo isso, por vezes, acompanha essas pessoas pela vida adulta e pode até trazer uma certa sensação de melancolia, de distância...trazer o gosto amargo de um Deus que é Pai irritado, rabugento...Pai que está sempre pronto para punir e castigar.
Mas não é desse desacerto humano que eu quero falar...não podemos ficar parados nesse sentimento! Venho descobrindo os encantos do sentido real da palavra religião...busquei o significado do termo latino "Re-Ligare" e, pelo poder da expressão, já podemos perceber o desejo explícito dessa pequena palavra em “religar o homem a Deus”. Acho que estou a caminho dessa conexão...e como isso é maravilhoso!!!
Quero deixar claro o meu profundo respeito pelas opções religiosas e suas diversidades. No entanto, cada vez mais eu me convenço de que a mais doce e bela religião do mundo tem um nome pequenino, intenso...e se chama AMOR!! O fundador tem o Seu nome escrito em grande parte das igrejas do mundo inteiro...E Ele se chama JESUS CRISTO.
Jesus, na sua humanidade e divindade, foi o ser mais apaixonado que eu já ouvi falar. Ele encantou (e encanta ainda) multidões...Ele nos fez sonhar com as possibilidades de uma vida de paz, com o resgate do paraíso que, por falha do homem, nós havíamos perdidos. Na Sua infinita sabedoria, nos mostrou um Deus que nos abraça, é amigo e enxerga com profundidade as nossas limitações. Um Deus que aceita nossos erros, defeitos...nos dá novas chances todos os dias e quer compartilhar com cada um de nós as nossas dores e as nossas alegrias. Um Deus que é, acima de tudo, Pai...um Pai que não se apega ao nosso passado e tem Seus olhos voltados ao que podemos ser e fazer daqui para frente. Um Pai com o coração cheio de bondade, que fica por perto para ajudar, para iluminar em todas as circunstâncias, mas respeita a nossa liberdade de escolher os caminhos que nos levam, ou não, à plenitude da vida.
O homem vem fazendo sua trilhas...vem em uma busca desenfreada pelo segredo dessa plenitude, pelo mistério da felicidade. Entretanto, vem se esquecendo o que o nosso Jesus nos deu como referência essencial para isto: “que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei”(João 13,34). Aí está o “segredo dos segredos” da felicidade verdadeira. É tão simples...no entanto, diante de tantos dilemas e descrenças, parece improvável que essa seja a resposta para os problemas do ser humano: SIMPLESMENTE AMAR!

Então eu pergunto: com qual a medida devo amar? "A melhor medida de amar é amar sem medida"...adoro essa resposta!! Temos que amar de forma desinteressada...amar sem lógica, sem condições, sem critérios. E o mais importante: precisamos revelar essa forma de amar na maneira de pensar, de falar, de sorrir, de olhar...necessitamos incluir em nossos dias boas doses de bom-humor, carinho, paciência, mansidão, serenidade, alegria...temos que ter consciência que os nossos gestos têm o poder de alcançar a alma do outro!

Devemos usar a fórmula de Santo Agostinho: "Ame e faça o que quiser." Então, é preciso entender que, quando amamos, não podemos mais fazer somente o que nos agrada, e sim o que devemos fazer...o que é necessário realizar para que aquela plenitude e felicidade almejadas atinjam as pessoas que conosco convivem e também a nós mesmos (isso será conseqüência!!).

É como Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, disse “O amor não busca seus próprios interesses... O amor não faz injustiça... O amor não é feliz no mal... O amor só se plenifica na verdade... O amor espera... O amor não se amargura... O amor dura pra sempre...”

Devemos buscar ser um só coração e uma só alma...devemos amar inspirados pelas palavras eternas de Madre Teresa de Calcutá: “Não ame apenas pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona... Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação”.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O MILAGRE DE CADA DIA NOS DAI HOJE...



Ando pensando muito sobre o nosso desejo incontrolável de querer respostas imediatas e soluções miraculosas para os nossos problemas. Vivemos em busca do extraordinário, procuramos por manifestações divinas visíveis, exigindo rapidez e eficiência do “poder da cura e da libertação” das orações... queremos nos ver livres de todas as nossas tribulações, doenças, conflitos...e que seja, de preferência, em um passe de mágica!!
Alguns, mais ansiosos, procuram por caminhos duvidosos...buscam as respostas nas linhas das mãos ou nos artifícios das cartomantes que, segundo esses “crentes”, guardam a verdade e o segredo da felicidade...assim, seguem equivocados, prolongando o martírio de uma vida sem sentido, vazia de plenitude e repleta de ignorância do que é essencial.
Por outro lado, vivemos uma época de êxtase pelas coisas de Deus...podemos observar, todos os dias, uma multidão de pessoas fervorosas, de todas as religiões, que esperam e crêem nas curas milagrosas. São pessoas que querem tocar esse nosso Deus maravilhoso...sabemos que muitas delas são salvas por essa fé tremenda...mas também há aquelas que ficam pelo caminho, “paralisadas”, murmurando e reclamando porque Deus não ouve as suas súplicas.


Havia um homem que morava em um lugar distante...muito distante de tudo e de todos...era como ele dizia: ”eu moro num lugar que, de tão longe, até mesmo o Criador não consegue chegar”. Ele vivia muito sozinho e estava constantemente doente. Às vezes era visitado por alguns parentes e amigos, que se preocupavam com as suas condições, cada vez mais precárias. No entanto, ele era indiferente a tudo o que acontecia ao seu redor.
Um dia, caminhando por um bosque, num ímpeto de encontrar a chama divina, ainda adormecida em sua alma, ele sussurrou: Deus, fale comigo...e um passarinho cantou...contudo, o homem não ouviu. Ele olhou em volta e disse:Deus, deixe-me ver o Senhor...nesse momento, estrelas brilhantes apareceram num céu de luar esplendoroso...entretanto, o homem não percebeu. Já sem esperanças, gritou: Deus, mostre-me um milagre...e uma criança nasceu...porém, o homem não reparou. Por fim, ele clamou:Toque-me, Deus. Deixe-me saber que o Senhor está aqui...foi aí que uma linda borboleta pousou no seu ombro...mas o homem simplesmente a espantou
...(Autor desconhecido)


Quantas vezes somos como esse homem...não sabemos escutar, não conseguimos entender o acolhimento do Pai nos acontecimentos das nossas vidas. Perdemos e “espantamos” as tantas bênçãos de todos os dias, simplesmente porque elas não estão “embrulhadas” da maneira como esperávamos. Estamos sem tempo para esperar os milagres e prodígios prometidos a cada um de nós. Muitas vezes, o homem passa uma vida inteira complicando, implicando e só multiplicando as confusões.
Precisamos mudar o rumo dessa história...eu acredito mesmo é que as maravilhas de Deus estão presentes nas miudezas da vida, nas coisas pequeninas, nos detalhes, na simplicidade dos encontros. Eu não me canso de ficar encantada com os mimos que o nosso Pai nos empresta a cada momento...confesso que ando meio fascinada por Deus...acho que Ele está me deixando mimada!! E, na fragilidade de ser puramente humana, me pego rindo dos milagres que acontecem a todo instante em minha vida. Afinal, milagre para mim é coisa miúda...é encanto de toda a hora.
A experiência do milagre não é algo lógico, racional ou que pode ser aprendido...o milagre precisa ser sentido com o coração, saboreado sem pressa...é puro deleite da alma de quem confia. Por vezes, ele pode ser visível, outras vezes pode também ser ouvido e até mesmo trazer um certo aroma a nossa vida.
Eu vejo milagres acontecendo todos os dias pela minha janela...assisto, deslumbrada, a arte brotando das mãos de Deus que pinta e retoca cada amanhecer, mas Ele capricha mesmo é no entardecer (acho que é a hora preferida do Criador)...são matizes de lindas cores que se misturam e maravilham o meu olhar...é um momento mágico em que o meu coração agradece por mais um dia.
Não posso negar a minha preferência pelos pequenininhos...cada vez que eu vejo uma criança, sinto o toque milagroso de Deus se manifestando no seu sorrisinho inocente, nas brincadeiras, nos cantos e encantos que elas nos proporcionam...nas surpresas das palavras aprendidas dia a dia, naquele jeitinho fofo e espontâneo de dizer que ama a gente...meu Deus, como isso é bom!!!!
Eu também enxergo a força do milagre divino nos nossos queridos velhinhos...toda a vez que contemplo a face da minha vovozinha, os seus cabelos cor de algodão doce branquinho... são as marcas do tempo que revelam o carinho de Deus...desse Deus tão misericordioso que nos proporciona o privilégio de estar com ela, de poder cuidar...amar...a cada dia mais um milagre.
Vocês podem achar isso demais, mas toda a vez que eu escuto o barulho da porta se abrindo e os meus filhos chegam em casa são e salvos de mais uma balada noturna, sinto a alegria de quem tem a proteção divina...ah, isso para mim é um grande milagre!!
E nos domingos? Nesse dia o nosso Pai do Céu aprimora os Seus milagres!! É dia de ritual sagrado...é dia de almoço com a família, dia de contar causos, de rir e de chorar em comunhão, dia de ressuscitar as lembranças da infância e semear sonhos no solo da vida...esse para mim é um dos mais lindos milagres! Eu adoro tudo isso!!!
Posso, ainda, ouvir os milagres acontecendo toda vez que, em meio aos conflitos da rotina de um dia de trabalho, a minha boca se cala e, no silêncio da minha alma, eu somente ouço a voz de Deus me falando: Respira fundo!! Calma!! Não se perturbe...tudo passa. Como isso é bom!!!!!!!!!!!
Para finalizar, vou falar sobre um dos milagres que mais traz acalento e paz ao meu coração. É o grande abraço de Deus que acontece toda a vez que eu encontro aqueles que eu tanto amo. Aí o milagre se manifesta de forma muito clara...no acolhimento, no sorriso, na palavra que revela aquilo que Deus quer me falar e que consigo somente ouvir através dos que me amam e dos verdadeiros amigos.


Milagre para mim é isso...
É vida levada com simplicidade e leveza, é natureza brotando, é flor colorindo os caminhos, é canto de Bem-Te-Vi me despertando pela manhã...
É gente se amando sem esperar algo em troca, é a alegria do encontro e choro que lava a alma...
É cheiro de pão caseiro saindo do forno e de chocolate quente espalhado no ar...
Milagre é quando eu sonho e Deus provê o que eu necessito...é quando estou triste e chega um anjo amigo, com um grande sorriso nos lábios e me faz crer que tudo vai ser melhor...então, fico alegre de novo!!


Nosso Senhor e nosso Deus, o milagre de cada dia nos dai hoje!! Que os nossos olhos possam ver, que os nossos ouvidos possam ouvir e que o nosso coração possa sentir as Tuas maravilhas, manifestadas no encanto de toda a hora!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

EU QUERO APRENDER A “OLHAR DEVAGAR”...



Vivemos os tempos da pós-modernidade...tempos de “pouco tempo”, onde a pressa dita as normas de uma vida sem paciência. Estamos com a “vista cansada”!!! Estamos cansados de tanto ver e, assim, já não conseguimos enxergar...perdemos a nossa capacidade de simplesmente...olhar.
Saímos todos os dias das nossas casas, muitas vezes percorrendo os mesmos caminhos, porém não mais percebendo o encanto, as novidades, os espetáculos que o universo nos apresenta todos os dias. O mais sério disso tudo é que também somos incapazes de perceber as pessoas...banalizamos os olhares para os que nos cercam...é aí que mora o perigo da chamada indiferença, da falta de vontade em compreender o humano que habita no outro.
Como podemos aspirar à condição de “ser humano” se nos olhamos com tanta brevidade ou se nem mesmo somos capazes de nos olhar? Onde está a medida do homem para avaliar o seu semelhante? A medida de avaliação do ser humano pós-moderno está nas suas próprias necessidades...é “olho no próprio umbigo”, os limites estão bem claros.
No decorrer dos nossos dias, os “frutos amargos” são facilmente percebidos na nossa incapacidade de perdoar, nas dificuldades em nos abrirmos a um conhecimento mais profundo, na nossa falta de generosidade e insensibilidade diante dos sofrimentos e problemas do outro. Isso tudo vai enrijecendo o nosso coração com atitudes cada vez mais egoístas, que nos fecham e nos fazem mestres na arte dos julgamentos apressados e precipitados, fato que vem causando tantos estragos na alma humana.
Vou contar uma história para vocês:
Um homem tinha quatro filhos...ele queria que seus filhos aprendessem a não julgar as coisas, as pessoas, de modo apressado. Por isso, ele mandou cada um em uma viagem, para observar uma macieira que estava plantada em um local distante.

O primeiro filho foi lá no Inverno, o segundo na Primavera, o terceiro noVerão, e o quarto e mais jovem, no Outono.
Quando todos retornaram o pai os reuniu e pediu que cada um descrevesse o que tinham visto.
O primeiro filho disse que a árvore era feia, torta e retorcida.O segundo filho disse que não...ela era recoberta de botões verdes e cheia de promessas.
O terceiro filho discordou: disse que ela estava coberta de flores que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas...ele poderia arriscar dizer que eram a coisa mais graciosa que ele jamais tinha visto.O último filho discordou de todos eles: disse que a árvore estava carregada e arqueada, cheia de frutas, repleta de vida...

O homem então explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto apenas uma estação da vida da árvore. E continuou:"Não se pode julgar uma árvore (ou uma pessoa) apenas em uma estação... a essência, a alegria e o amor que vêm daquela vida podem apenas ser medido ao final, quando todas as estações estão completas”. (Autor desconhecido)

Nós encontramos as pessoas ao longo da nossa existência em diferentes estações, como as quatro estações dessa história. Se desistirmos de alguém quando for Inverno, perderemos a beleza da sua Primavera, a alegria de seu Verão e a expectativa do seu Outono. Não podemos permitir que a dor e as tristezas de uma estação destruam o potencial de felicidade de todas as outras. Não julgue o outro, ou os acontecimentos, apenas por uma estação difícil.
Tudo o que nos acontece, e especialmente as pessoas que passam por nós, precisam de um olhar mais vagaroso, contemplativo. Esse é um olhar pouco comum e “nem sempre é fácil ser portador de um olhar raro. É mais fácil integrar a multidão e suas soluções simplórias” (Pe Fábio de Melo).
Jesus era portador desse olhar...um olhar raro, fascinante, que tinha (e tem ainda) o poder de “ver o que a multidão não via”. Ele procurava ver além...buscava na essência da alma de quem se aproximava d`Ele e encontrava as verdades escondidas no recôndito dos corações, tão feridos pelo tempo. Ele tinha (e tem ainda) a certeza de que “em cascalhos disformes e estranhos, diamantes sobrevivem solitários” (Pe Fábio de Melo).
Eu almejo este olhar...quero aprender a olhar devagar tudo o que me acontece e todos os que passam pelo meu caminho, porque tenho a confiança de que tudo pode ser modificado por inteiro, quando olhamos com bondade...quando temos o tempo suficiente e necessário para perceber, compreender e verdadeiramente amar.
Por tudo isso, Senhor meu Deus, eu peço a graça: "Pela doçura envolvente da Tua caridade, arrebata-me o coração e a inteligência para fazê-los aderir a Tua verdade”. Dá-me um olhar que, de tão vagaroso, possa eu contemplar a Tua face em cada pessoa que passar por meu caminho. Dá-me um olhar demorado, cheio de compaixão e pronto para sorrir para os que precisarem de mim. E assim seja...

Este texto foi inspirado no livro “Quem me roubou de mim” do Pe Fábio de Melo e no Exercício Espiritual
“O Pecado Venial” da minha querida Comunidade CEFAS, Londrina, 2008.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

É TEMPO DE TENTAR DE NOVO!!!



O ser humano tem uma mania incrível de transferir suas culpas para o destino, está sempre encontrando pretextos para seus erros, fugindo do próprio reflexo no espelho que mostra, tão somente, suas verdades. Diante dos acontecimentos e problemas na vida, quantas vezes nós falamos ou ouvimos alguém dizendo: isso estava escrito nas estrelas...afinal, tudo está predestinado a ser como é. Vivemos afirmando e reafirmando: não tem jeito não...a vida me fez assim e quem quiser me amar tem que me aceitar do jeito que eu sou. É dessa forma que vamos seguindo nossos caminhos...apegados às idéias fatalistas que acabam por nos escravizar, nos paralisar nas coisas ruins...vivemos presos nos nossos desafetos.
Permitam-me contar uma história que tem ligação com esse tema e fala mais ou menos assim: em uma cidade do interior de Minas Gerais existia um mendigo que ficava na porta da igreja matriz. Ele ficava por lá, sentado no chão pedindo esmolas...tinha uma ferida muito grande na perna que o fazia sofrer já há muitos anos, mas ele era resignado, nada fazia para mudar a situação...ia simplesmente vivendo, dia após dia, com as migalhas que recebia das poucas pessoas que tinham caridade no coração. Um dia, surgiu um médico novo na cidade que ofereceu tratamento para a sua ferida. O pobre homem falou que não precisava se preocupar, pois ele não saberia viver sem aquela ferida que lhe acompanhava há tanto tempo...ela já fazia parte da sua vida e era dessa forma que ele conseguia o seu sustento.
Acho que é um pouco assim que vivemos...somos apegados às nossas “feridas”...limitados por nossos medos, fragilizados pelos nossos afetos desordenados, sentimentos que nos condenam a ficar parados em nossos defeitos, nossos erros...paralisados nas nossas amarguras, fato que nos impede o avanço, a superação.
Temos que mudar essa história!! Precisamos nos conscientizar, como dizia nosso saudoso Pe. Léo, de que a única coisa que está realmente escrita para cada um de nós permanece muito bem guardada no coração de Deus: somos predestinados ao céu...somos predestinados à felicidade!!! Mas para isso acontecer...para que eu possa encontrar a felicidade, é preciso “tentar de novo”. Vamos lembrar uma passagem da vida de Jesus, em Lucas 5, que diz assim:

"E aconteceu que, apertando-O a multidão, para ouvir a palavra de Deus, estava Ele junto ao lago de Genesaré, viu estar dois barcos junto à praia do lago e os pescadores, havendo descido deles, estavam lavando as redes. E, entrando num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; assentando-se, ensinava do barco a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar. Respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a Tua palavra, lançarei a rede.E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes que rompia-se-lhes a rede".

Como Simão, nós também somos chamados a, novamente, lançar nossas redes. “Tentamos antes, não deu!” Jogamos nossas redes e elas voltaram vazias do bem...não conseguimos entender o propósito de tantas amarguras, das frustrações e decepções que se fizeram presentes no decorrer da vida. Ficamos feridos, machucados pelo egoísmo, pelo individualismo do ser humano...paramos, nossa alma se entristeceu...
“Mas tentaremos de novo!” Afinal é o próprio Jesus, com sua autoridade irresistível, que nos impele a lançar as redes...confiar e aceitar o desafio de renovar os sentimentos, de perceber que somos predestinados à felicidade e à alegria.
Na verdade, o que temos a entender é que o processo do milagre é uma via de mão dupla: "o que depende de Deus Ele faz e o que depende do homem Ele espera". Simão teve que lançar novamente as redes...os serventes das bodas de Caná tiveram que levar as talhas até Jesus para a água ser transformada em vinho. Assim nós também temos que fazer, com toda a fé e confiança nas promessas de Deus: lançar outra vez as nossas redes...levar mais uma vez as nossas talhas até Jesus e dizer de todo o coração: Senhor, hoje é o meu tempo de tentar de novo!! Vem em meu auxílio!!!

Este texto foi inspirado no Exercício Espiritual “Tentar de novo”- Comunidade CEFAS, Londrina-PR, agosto de 2008.

domingo, 7 de setembro de 2008

No silêncio de minha alma ...




No silêncio de minha alma, posso sentir o olhar de Deus me observando, cuidando de mim e me mostrando o caminho...
Posso ouvir o próprio Deus, através da natureza, do simples e belo espetáculo diário do pôr do sol e do cintilar das estrelas.
É aí que as máscaras se desfazem...fica “nua” a menina...a mulher
A menina que busca a medida certa...o equilíbrio, a alegria
A mulher que busca ser justa e também ser misericordiosa diante do mundo
Assim sou eu...
Por vezes rio turbulento, agitado...outras vezes a calma de um lago transparente
Sou pássaro ferido diante dos males do homem, mas também sou pássaro livre alçando vôos cada vez mais altos
Algumas vezes me encontro, outras vezes eu me perco
Sou brisa suave...também sou vento forte
Sou deserto e sou multidão
Estou a procura...e num mergulho no mistério divino encontro o sonho mais lindo que Deus tem para mim...e assim sou plenamente feliz!!

SEMEADORES DO AMOR...




Dizem que, quando nascemos, Deus segura delicadamente nossas mãos e nos entrega uma pequena e linda chama...a nossa essência divina, um pedaço DeLe em nós. Assim, nos envia para este mundo e diz: “Segue seu caminho e faz dessa chama uma grande fogueira...vai ser luz para os que passarem por você...vai transformar e iluminar o dia a dia daqueles que encontrar.”

A jornada é dura, o caminho é pedregoso...vivemos dias tristes, solitários. Muitos de nós passa por este planeta com um pequeno pedaço de cinzas nas mãos...com aquela chama divina totalmente apagada e pouca diferença faz para o mundo.

No entanto, existem outras pessoas que levam a sério a proposta divina e conseguem acender uma “baita fogueira” a partir da pequena chama que nos foi dada na graça de Deus. Essas pessoas trazem no peito um coração inquieto que insiste em disparar diante do sofrimento e da dor do homem, trazem na alma a marca daqueles que acreditam...daqueles que nunca desistem. São os chamados semeadores do amor...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A NOSSA FALTA DE FÉ...QUANDO SOMOS “TOMÉ”...




Após a ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos...imaginem a alegria intensa que viveram naqueles momentos. Tomé, porém, não estava presente. Chegando depois, junto ao grupo, os outros discípulos lhe disseram:
Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei!
Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco!
Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé.
Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!
Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto! (Evangelho de João-20- 25,29)
Tomé, um dos doze escolhidos por Jesus, era um homem com espírito crítico aguçado, para tudo tinha uma condição de acreditar, exigia provas concretas, tinha que “ver para crer”. Cristo na sua infinita paciência com Seus queridos companheiros, apesar de todo abandono que viveu em Seus últimos momentos, chama Tomé para chegar mais perto e tocá-Lo da forma que quisesse. Este homem duro de coração percebe que é o próprio Cristo somente após tê-Lo tocado. Jesus aproveita a situação para ensinar a cada um de nós e aos Seus apóstolos que devemos crer com o coração e com toda a força de nossa alma, independente do que os nossos olhos possam ver.
Quantas vezes somos tentados “a ser Tomé”?? A dizer: “eu preciso ver para crer”??Todos os dias!!!! O mundo nos apresenta situações em que o “verme” da dúvida invade, contamina nossos pensamentos e amarga nossa alma. São as nossas limitações da condição de sermos humanos, susceptíveis às oscilações em nossa fé, que se manifestam nos momentos de maiores dificuldades, de profunda tristeza, tempos em que a nossa compreensão restrita perturba a conexão com o divino que habita em nós.

NAS DIFICULDADES... HOMEM E MULHER DE POUCA FÉ...

São exemplos de momentos de profunda tristeza em nossas vidas: a doença grave, a violência gerando a morte repentina, o desemprego, os jovens se perdendo nas drogas, as situações de dificuldades que se repetem...se repetem...entra ano, sai ano e nada acontece para melhorar. O que pensar diante do assassinato de uma criança ou de um pai/mãe de família??? Onde está o nosso Deus que não impediu que isto acontecesse??? O que falar diante da doença, às vezes incurável, que aparece de repente? Como encarar um filho que está perdido nas drogas? Em que devemos crer quando nada acontece para aliviar nossos sofrimentos?? São dias em que tudo está sombrio...sem luz...é o desespero...
Quando o “absurdo” acontece conosco ou com alguém muito próximo, aquele sofrimento profundamente dolorido tem que ter uma explicação, tem que ter solução!!!! A nossa tendência é fixar o olhar no negativo, pois somos facilmente afligidos pela angústia, pela ansiedade em querer que tudo se resolva por um milagre e quando este prodígio não acontece, ficamos decepcionados, tristes, a dor e a agonia vencem em nossa vida.
Diante do inevitável, do sofrimento, qual a reação do homem moderno? Ele cai em depressão!! Acredito que hoje é este o diagnóstico mais comum da medicina para os males que afligem a raça humana. Esta doença que assolou a humanidade do século XX com certeza será o grande mal para o século XXI. Ela não escolhe classe social, sexo ou idade, atinge a alma dos nossos jovens, adultos, idosos, e até mesmo as nossas crianças. Isto tudo porque vivemos a “crise do amor” no nosso coração, o que gera a crise do diálogo na família e na sociedade como conseqüência.
Esta é a questão: somos homens e mulheres de pouca fé...muitas vezes covardes e desanimados diante dos desafios e problemas.
A BOA NOVA...A ESPERANÇA...
Então, vem o anúncio da esperança: um Homem, chamado Jesus Cristo, veio e propagou que somos amados, somos preciosos e que devemos espalhar as sementes do amor, em uma época nem tão diferente da que vivemos hoje, tempos de homens injustiçados e infelizes. Viveu e morreu justificando as nossas escolhas, tolerou as nossas fraquezas e falou de um amor jamais proclamado, porque Ele queria transformar a nossa humanidade. Logo após a Sua morte, veio a notícia da Sua ressurreição, “eis o mistério da fé”...
Diante do anúncio da ressurreição de Cristo podemos seguir por dois caminhos:"Compreender para crer ou crer para compreender"(Santo Agostinho). Existe uma diferença notável entre estas duas opções. Usar o olhar do raciocínio, do compreender para crer, implica em muito estudo, pesquisa, muita interpretação da palavra. É a busca em encontrar argumentos que justifiquem a fé. Devemos ter consciência que neste caminho corremos o risco de passar a vida inteira estudando, tentando explicar o que não é explicável pelo raciocínio dos homens, pela verdade humana e não alcançar a fé que tanto buscamos.
Por outro lado, quando vejo com o olhar da fé, quando creio e depois compreendo, me debruço e me inclino com humildade diante da verdade essencial que é Jesus, não necessito explicações, porque eu já creio no mistério, independente do meu “eu racional”. Percebo que a palavra de Deus não é para ser “dissecada”, mas foi escrita para ser experimentada e para transformar a minha vida e o mundo!!!

UM NOVO OLHAR...PRECISAMOS VER ALÉM...

Sofrimentos e aflições sempre acontecerão em nosssos caminhos, mas como extrair o sorriso da tristeza? O que pode ser modificado é a forma de olhar!! O mundo precisa de homens e mulheres de muita fé, que tenham os olhos fixos no divino, que descubram novas formas de enxergar além...”além dos limites, dos desequilíbrios”...
Tenho que ter claro que ”quando não posso modificar um fato em minha vida eu devo pedir a Deus que este fato me modifique” (Pe Fábio de Melo). Os problemas, as pessoas, podem não mudar, no entanto eu posso mudar a forma de olhar para tudo isto. Devo fixar meu olhar no Mestre, Jesus Cristo, que me renova e não me deixa preso nas tempestades do mundo...menos murmurar e mais esperar em Deus, Aquele que vem ao meu encontro, me retira “do cativeiro” e cuida de mim. Devo ter a fé daquela viúva, cujo único filho estava morto e crer que Jesus me olha profundamente e diz: “Não chores”, estou aqui, quero converter a sua tristeza em consolação...
Mas para isso, devemos deixar de ser imediatistas, de desejar prodígios instatâneos.O tempo de espera é necessário...o silêncio em oração...e assim o processo de cura e os milagres acontecem, o coração e a alma recebem o alento e o aconchego que vem do céu e podemos saborear as maravilhas que são promessas de Deus para nossas vidas.
Não deixemos que o humano vença em nós, permitemos que do nosso cálice transborde o divino... e proclamemos todos os dias, em todos os momentos...“Meu Senhor e meu Deus, eu creio, mas aumentai a minha fé”... eu quero crer sem ter visto!!!

A NOSSA SEDE DE AMOR, O VERDADEIRO COMBUSTÍVEL DA VIDA...




É próprio do ser humano ter uma imensa sede de amor. E quando digo amor, não falo somente daquela emoção entre um homem e uma mulher... do amor romântico, mas também me refiro ao amor entre amigos, entre familiares, entre pais e filhos. Este é, sem sombras de dúvidas, o maior dom que recebemos em nossas vidas...na verdade é o combustível que libera a energia necessária ao nosso dia a dia. Porém, vale lembrar que, infelizmente, “o amor humano é miúdo, singelo... é tão frágil que podemos matá-lo” (Pe Fábio de Melo).

É importante pensar o quanto as palavras podem revelar nosso amor e também podem ferir este sentimento tão nobre, revelando, assim, nosso desamor. Ainda segundo o Pe Fábio de Melo, é necessário refletir a nossa forma de falar. A “moldura” em que colocamos nossas palavras, a expressão dos nossos olhos, da nossa boca, o “jeitinho de dizer” o que vai em nosso coração é essencial para atingirmos o outro com amor...ou sem amor.

Precisamos cuidar das palavras...precisamos vigiar as atitudes que revelam este amor que tudo move, tudo transforma, com suas clarezas e também com suas confusões, zelando esse sentimento vital como quem cuida do seu maior tesouro. Carecemos nos conscientizar de que o amor somente acontece no mundo quando eu permito que ele aconteça em mim, quando eu abro espaço para este sentimento se manifestar. Quanto mais amamos, mais nos humanizamos e mais felicidade plantamos em terra boa e fértil...então, é só esperar o tempo da colheita e saborear os doces frutos.

Este é o maior desejo da alma humana: queremos ser amados, precisamos ser reconhecidos, necessitamos sair da multidão e ter alguém com o olhar voltado para o nosso olhar...alguém para sorrir com nossas alegrias, para chorar com as nossas tristezas...alguém para nos devolver o sentido de ser em plenitude, para nos lembrar da nossa importância e do nosso valor, muitas vezes esquecidos no tempo.

A dinâmica do amor é bela demais!! Quando alguém ama profundamente consegue tocar a alma do outro, por mais distantes que eles estejam...tudo pode ser transformado. As pessoas que amam passam pelas nossas vidas e deixam as marcas do céu...deixam uma vontade intensa de querer ficar. Ficar para sempre, simplesmente, olhando o seu jeitinho de ser, sentindo o seu cheirinho, caminhando ao seu lado . Quando os nossos olhos se encontram com um grande amor dá vontade de cantar, de tomar banho de chuva, de brincar, de ser criança de novo...

Assim nascemos...com esse anseio imenso de amar e ser amado...então vamos em busca. Nesse caminho, seguimos errando e acertando...mas me parece que ainda não entendemos bem ao certo o que temos que fazer.

JUVENTUDE FICANTE E SOLITÁRIA...O AMOR ESTRAGADO...

Uma boa parte dos representantes da juventude atual caminha errante pela vida afora...na cegueira espiritual que lhe é própria, estão desiludidos e surdos aos apelos do amor verdadeiro.

As baladas são, oficialmente, os locais públicos da busca do amor. Essa busca “maluca” faz os nossos jovens cometer tantos erros... vem deixando as marcas de um amor equivocado... um amor que, de tão estragado, vem trazendo conseqüências até mesmo fatais para alguns. São tantos os vícios dessas nossas “crianças”, tanta as declarações de desamor que eles vêm fazendo para eles mesmos. Não são raras as doenças manifestadas nas almas e nos corpos dessa geração que “fica”...fica sem rumo, fica sem sentido para a vida...fica tão amarga, tão indiferente e solitária. Meu coração de mãe muitas vezes se entristece de ver aqueles olhinhos, que eu tanto cuidei, embaçados de sofrimento e aflição...ver aquelas mãozinhas que eu tanto beijei, perdidas... feridas...confusas.

Aprendi com o Pe Fábio de Melo que esse amor estragado vai nos deixando insuportáveis...o “lixo” que nos foi entregue pelo outro entra direto em nosso coração e vai deteriorando o que temos de mais precioso. Isto acontece quando descuidamos de nós mesmos e deixamos de perceber o que está nos magoando...deixamos de colocar limites e o que em nós é sagrado acaba se maculando...se contaminando. Corremos o risco de morrer antes da hora, como diz o Pe Fábio. Não a morte do corpo físico, mas a morte do espírito...do desejo de ser feliz, do brilho do olhar...a morte da nossa fé.

Devemos nos purificar , no sentido de puro-ficar, de todo este mal...jogar fora todo o “lixo”... todo este amor estragado e desgastado.Temos que ter a coragem de dizer ”Se você quer entrar em minha vida, retira suas sandálias, porque sou território santo” (Pe Fábio de Melo). Desta forma, ficamos mais criteriosos e não é mais qualquer “amor” que nos serve e nos basta, conseguimos perceber nosso valor e resgatar nossas preciosidades...nossos tesouros e sonhos...conseguimos resgatar a matéria prima de uma vida plena.

CASAMENTOS...OS AMORES FROUXOS...

Na procura do “mito do amor romântico” (Pe Fábio de Melo), daquele sentimento que ultrapassa a eternidade, seguimos nos caminhos do sacramento do matrimônio cometendo alguns erros muito sérios que acabam afrouxando as relações. Idealizamos uma pessoa perfeita, inventamos uma realidade cheia de projeções impecáveis e perseveramos na busca da expressão “e foram felizes para sempre”. Buscamos relacionamentos mágicos, aqueles que pouco exigem sacrifícios, renúncia, perdão e força. Corremos o risco da superficialidade e da busca do prazer afrouxar o nosso amor.

Esquecemos que o processo da busca da felicidade deve ser uma constante em nossas vidas, não há como achar que viveremos eternamente feito um conto de fadas. Temos que tomar consciência de que quando nos unimos a alguém e começamos uma relação, seja qual ela for, amizade, namoro, matrimônio, comunidade religiosa...nos aproximamos também de suas fraquezas e frustrações. “Juntar vidas é juntar limitações”(Pe Léo Pereira).

Na verdade, o casamento é um instrumento de Deus para a santificação de cada um dos cônjuges e a família é uma grande escola do amor. Nessa escola há dias de muitas alegrias e outros em que deveremos driblar as imperfeições e aprender com as dificuldades...são nesses momentos que devemos exercitar o perdão, palavrinha desgastada e difícil de ser colocada em prática.

Mas afinal, existe salvação para o amor humano???

ENAMORAR-SE POR JESUS CRISTO...O AMOR VERDADE

Existe um amor que, de tão forte e imbatível...que de tão manso e sereno, nunca se cansa de perdoar e por nada se abala. Este é o amor de Jesus por cada um de nós e, na perfeição desse amor, Ele nos indica os seus sinais essenciais: "O amor é paciente, é bondoso; o amor não arde em ciúmes, não se orgulha, não é soberbo, não se porta com indecência, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade; tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" 1 Coríntios 13:4-7

Quando encontramos este “amor verdade”, vivido e demonstrado por Cristo, descobrimos a graça de se enamorar por Ele. Jesus, na sua humanidade e divindade, foi capaz de perscrutar os que passaram por Ele...mergulhou fundo na alma do ser humano e enxergou com as lentes do amor cada situação... cada necessidade, cada dificuldade...nos mostrou um Deus que tem cheiro de Pai, de amigo, de companheiro de jornada e cuida de nós.

Jesus nos ensina, todos os dias das nossas vidas, que amar é estabelecer a paz, é gastar tempo com o outro, é dar espaço para as pessoas, é ter paciência e compromisso com a verdade. Amar é partilhar um pouco do que sou com o outro, é se colocar à disposição, andando lado a lado no compasso do irmão...é emprestar o olhar e os ouvidos, espalhar o sorriso...é dar abraços que “ressuscitam os vivos”, tal como Ele fez.

Você pode perguntar: mas, meu Deus, como amar aquele que me machuca? Devemos descobrir novas lentes para nossas almas...buscar o que pode ser modificado em cada um de nós. As pessoas podem não mudar, mas eu devo procurar uma nova forma de olhar através de toda agressão, porque sei que aí existe alguém pedindo ajuda...alguém que precisa ser amado. Cada vez que eu amo assim, busco, com minha humanidade e imperfeição, ser um pouco Jesus de novo.

Agora pára um pouquinho... respira fundo... contempla a cena... Jesus na sua frente, lança o olhar no fundo de sua alma e diz: Meu querido/Minha querida...Eu te amo, és precioso(a) para mim, vem caminhar comigo, te quero ao meu lado! É através de você que posso transformar o mundo...é por meio do seu amor humano que Eu posso manifestar o Meu amor divino.Vai inflamar este meu povo...coloca em seus corações o desejo de amar sem medidas, enxuga as lágrimas daqueles que sofrem, celebra a vida com aqueles que se estão alegres e somente assim você poderá enfrentar todos os males deste mundo e não haverá desafeto ou desamor que possa te derrotar!!!!!!!!!!”

Tenho a plena certeza de que Deus conta com o nosso amor para reparar todo o desamor...para eliminar a miséria do coração do homem. Por isso, precisamos ampliar os horizontes além dos nossos limites interiores, carecemos ir além dos nossos muros... invadir a alma do universo e não amar somente com palavras, mas com atitudes que revelem o amor humano e divino que habita em nossos corações!!!!


“Que o amor que me move desça do alto do amor de Deus” (Sto Inácio de Loyola)

Abraços repletos de amor fraterno!!
Fátima Regina

sábado, 30 de agosto de 2008

QUAL A SUA ESCOLHA???


Em algum momento você já parou pra pensar que, o tempo todo, estamos fazendo escolhas...estamos elegendo caminhos e trajetos em nossas vidas? Escolhemos desde o nosso maior projeto de vida até as mais simples opções da nossa rotina. Neste contexto de escolhas, certas ou erradas, você já refletiu sobre o que pode romper com o seu potencial de ser feliz?
São tantas as possibilidades que o mundo nos apresenta para nos distanciar e, até mesmo, nos desligar da nossa essência divina...são muitas as opções que, simplesmente, nos colocam no “grupo de risco” da infelicidade. As forças do mal e do bem atuam no mundo e são demonstradas pelas nossas ações concretas...é necessário perceber, distinguir. Para isto é importante dizer que existem alguns indicadores, que podem nos auxiliar nesta tarefa: precisamos procurar entender qual a matéria prima dos nossos dias...serão feitos de alegrias, carinho, esperança, amor... ou serão inundados de tristeza, solidão, raiva, remorsos????
Lembrei-me de uma reflexão de Leonardo Boff que diz mais ou menos assim: o homem nasce com um grande espaço vazio em sua alma que, com o tempo, no seu processo de feitura, de se fazer gente, vai sendo preenchido. Uns preenchem com o dinheiro, outros com o poder...algumas pessoas buscam desenfreadamente preencher o espaço com uma sexualidade promíscua...com as drogas.
Também existem aqueles que tentam preencher este vazio, muitas vezes percebido como simples carências afetivas, com pessoas que são endeusadas, que se tornam divindades...pessoas apaixonantes, nas quais são depositadas todas as chances de se atingir a felicidade. Tudo isto vai, aos poucos, tirando o homem da graça de Deus e aquele espaço da alma parece cada vez maior...cada vez mais vazio...assim a angústia e a depressão tomam seus lugares de destaque na alma humana.
É isto meus queridos....em boa parte das nossas vidas substituímos o SER pelo TER ...fato que mais nos coloca longe da graça...buscamos de forma obsessiva ter “coisas”, bens materiais, ter o poder sobre o outro. Muitas vezes “paramos” naquilo que ainda não possuímos e, compulsivamente, vamos à luta...o pior é que atualmente tudo está valendo para se atingir as metas estabelecidas.
Nesta concepção, o ser humano se torna, unicamente, consumidor do que é oferecido pela mídia... vive manipulado pela fantasia de que quanto mais tiver, mais feliz será...mera ilusão!! Essas buscas são, na verdade, resultados das fraquezas e dos equívocos do homem...é a força do mal ganhando lugares no nosso dia a dia. São estes os momentos de desolação...é quando bate a solidão, as carências, as tristezas ou aquelas alegrias superficiais que pouco ou nada trazem de bom...as pessoas vivem irritadas e com o semblante abatido.
Mas afinal, o que preenche, verdadeiramente, o vazio que existe no ser humano??
Somente quando percebemos que este espaço vazio na alma é a nossa própria sacralidade e tem o tamanho de Deus é que encontramos a paz!! É muito bom pensar que podemos nos re-ligar ao nosso criador a qualquer momento...o tempo da graça pode ser achado por cada um de nós por meio do livre-arbítrio...é só querer e buscar!!
O ser humano é um projeto divino, infinito e ilimitado de felicidade. Descobrir esta verdade no amor de Deus é vida em plenitude...é perceber que o céu pode ser vivido no nosso dia a dia e não precisa ser adiado para além...para algum dia na eternidade.
Desta maneira, podemos viver uma experiência linda que nos move em direção ao mistério de nós mesmos, do outro e do Criador...viver momentos da mais pura consolação onde conseguimos “em tudo pedir e buscar” o desejo de Deus para nossas vidas. Nesta vivência, somos impulsionados pelo amor, pelas gentilezas, pela aceitação do outro e, principalmente, pela consciência de que somos “Filhos do Céu”, pela certeza de que “o céu é nossa casa”...Dito isto, difícil mesmo é entender o porquê ainda tem gente que vive propagando a infelicidade e insiste em “morar e pagar aluguel no inferno” (Pe Fábio de Melo).
Somos convidados a expandir a nossa sacralidade sempre revestida de leveza e, ao mesmo tempo, com muita vigilância sobre as escolhas que estamos fazendo. Devemos escolher as nossas palavras, as nossas reações, diante do movimento do universo, com passos leves...somos chamados a ocupar o nosso espaço sagrado com “o sonho mais lindo que Deus sonhou” e somente assim seremos felizes...É como disse Santo Agostinho “Aprenda a dançar, do contrário os anjos do céu não saberão o que fazer com você”.
Abraços com muito carinho!!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O DESAFIO DE SER GENTE...DE SER PESSOA INTEIRA...

Você já parou pra pensar o quão complexo é ser humano nos nossos tempos? Eu digo ser humano no sentido integral da expressão...visto por meio de um olhar contemporâneo que definiu o homem e a sua natureza como sendo bio-psico-social-espiritual. Bio porque somos dotados de um corpo biológico, formado por células, tecidos e órgãos que mantém seu funcionamento através de reações bioquímicas. Psico, pois somos seres inteligentes, pensantes e determinados, na maior parte do tempo, por nossas emoções e afetividades. Social, porque somos seres de inter-relação, isto é, vivemos em família, em comunidade, necessitamos desta troca para nossa evolução. E, finalmente, somos seres espirituais, buscando incessantemente a nossa natureza divina em tudo o que fazemos.
É importante dizer que estas quatro dimensões estão plenamente integradas, interligadas, conectadas, sendo impossível separar uma da outra. Somos seres uno, indivisíveis, é impraticável compartimentar o homem em sua natureza. Ele somente existe na sua integralidade, todo nosso ser está intimamente unido. O que acontece no nosso corpo físico afeta nosso ser psicológico e espiritual. O contrário também é verdadeiro, a dor psíquica e espiritual poderá levar a uma manifestação de dor física.
Pois é, perceber esta complexidade traz um certo encantamento, mas traz também a certeza de que não podemos continuar o nosso caminho sem parar para pensar sobre tudo o que somos e como as escolhas que estamos fazendo no decorrer de nossas vidas estão se refletindo em nós mesmos (em nosso corpo, nossa mente e nosso espírito) e em tudo e todos os que estão a nossa volta.
Cada um de nós carrega dentro de si uma necessidade vital de ser feliz e, nesta busca desenfreada pela felicidade, o ser humano se perdeu!! O mundo, com sua força de persuasão e convencimento, vem deixando suas marcas em nossos corpos e em nossas almas...marcas que muitas vezes se transformam em feridas profundas. Vivemos a época da coisificação do homem...o homem se reduzindo em “coisa” e a “coisa” se transformando em homem...a confusão se estabeleceu...
O que o mundo vem nos apresentando? O consumismo desgastante, a competição desmedida, a super-valorização do prazer, a superficialidade das relações, entre outras possibilidades e modalidades de forças que a cada dia nos influencia e nos tira a paz. Desta forma, corremos o risco de perder o que temos de mais precioso: a nossa humanidade e nossa liberdade. Sem muito pensar, muito menos refletir, o ser humano vai fazendo a entrega de si mesmo, absorvendo as coisas do mundo e se conformando com a realidade tal como ela se apresenta.
Ficamos escravizados nos cativeiros do dia a dia, das prestações mensais, dos financiamentos, da necessidade compulsiva em absorver as novas tecnologias que se tornam obsoletas tão rapidamente. Precisamos estudar, nos graduar, logo em seguida, e o mais rápido possível, pós-graduar, freqüentar os mestrados, doutorados e, de preferência, chegar ao pós-doutorado. E quais as conseqüências disto tudo? Vivemos apressados, sem tempo para ser gente...ser pessoa na sua inteireza, sem tempo de ser gentil com o outro... perdemos o dom da paciência, da tolerância. Vivemos os tempos dos transtornos de ansiedade, da depressão, dos transtornos de pânico e da bipolaridade. O ser humano está doente, seqüestrado e preso no cativeiro que ele mesmo permitiu que fosse inventado.
A superficialidade das relações e a super-valorização do prazer nos leva a crer que a relação sexual nada mais é que uma necessidade fisiológica indispensável para termos boa saúde (a exemplo do exercício físico), independente de quem seja o parceiro. As pessoas não estão mais se apaixonando...muito menos amando...estão simplesmente “ficando”, ficando cada dia mais amarguradas, mais solitárias...
O casamento, união santa e indissolúvel entre o homem e a mulher, hoje é considerado uma “instituição falida”, morta e enterrada por uma grande parte das pessoas, sendo isto revelado muito claramente pela cultura midiática (especialmente nas novelas) que veicula exemplos de pura mediocridade e desvalorização da família. E o adultério? Isso é assim mesmo...as pessoas devem buscar a felicidade, isto é o que importa...Filhos, pensar neles pra quê? Eles vão crescer mesmo! O que importa é que “eu” possa encontrar a minha felicidade!!! Esquecemos o significado do amor-pureza, esquecemos quem somos e para quê estamos neste mundo.
Isto tudo pode levar a outras formas de escravidão, pois vivendo todas estas frustrações o homem vem enfraquecendo, se fragilizando e apelando para drogas, lícitas e ilícitas, como forma de aliviar seu sofrimento. É com tanta tristeza que vemos, todos os dias, jovens e pessoas inocentes morrendo em virtude do álcool que causa a embriaguez e turva a capacidade de raciocinar sobre o que é certo e errado...O mal está banalizado, tudo é normal...a maconha é coisa de gente descolada, bacana...as drogas fazem parte do cardápio das baladas diárias.
É deste modo que a maldade está onipresente no mundo...ela está no coração do homem, assim como o bem. Através das nossas atitudes o bem ou o mal se manifestam nas nossas vidas, na vida do outro, no mundo...podemos escolher...eis o grande desafio:cultivar aquilo que temos de melhor, de bom em nós mesmos, para que o bem saia vencedor.

“Aceita o desafio de ver o que a multidão não viu” (Pe Fábio de Melo)

Hoje o desafio de ser gente...de ser pessoa inteira, é também um convite à busca da verdade em nossas vidas...da verdade essencial que, com toda a certeza, nos levará à felicidade tão almejada!!
Quanto mais me aproximo da essência divina da qual fui criada, matéria prima do homem, mais compreendo para quê estou aqui e agora, mais entendo o que Deus quer de mim, qual a verdade devo conhecer. Conta uma linda história (que não sei bem onde ouvi, nem mesmo quem falou) que quando Deus nos enviou para este mundo, nos presenteou com uma pequena e bela chama e mandou: “Segue seu caminho e transforma esta chama em uma grande fogueira”. Não podemos mais deixar esta chama encoberta pelas cinzas da nossa falsa falta de tempo, da nossa indiferença...Com certeza é desejo do nosso criador que nos tornemos luz para a humanidade, que a chama seja potencializada no sentido do bem, de trazer mudanças e crescimento para todos.
Para que isto se torne realidade, somos convidados a vigiar...vigiar a nossa natureza humana, o nosso ser na sua totalidade e integralidade (bio-psico-social-espiritual). Somos chamados a mergulhar no mistério de nós mesmos...e, especialmente, chamados a cuidar dos nossos pensamentos, das palavras proferidas e profetizadas, das reações diante do movimento do mundo. Somos convidados a ser mais leves, a levar no sorriso e no olhar aquele tempo para simplesmente ser...ser verdadeiro, ser humano.
Cada vez mais meu coração se inquieta e busca...busca o necessário equilíbrio para que o plano divino se cumpra em tudo o que eu faço. A cada dia eu mais acredito que trilhar o caminho do amor em sua plenitude é garantia de sermos pessoas inteiras e felizes.


Abraços!!


Esta reflexão foi inspirada na leitura da obra “Quem me roubou de mim”, do Pe Fábio de Melo (2008), o que me levou a pensar sobre a complexidade das relações humanas no contexto atual de mundo. Foi uma tentativa de analisar algumas situações vividas no nosso dia a dia que possuem um grande potencial de nos roubar de nós mesmos, de nos desumanizar, mas, ao mesmo tempo, um ensaio que buscou trazer o alento e a certeza de que podemos ser mais...muito mais e muito melhores a cada dia!!