quarta-feira, 15 de abril de 2009

QUIETUDE...

Na quietude do fim de mais um dia
ouço o silêncio da Sua voz
Você chega devagar...me abraça
Beija minha face...
Abre um largo sorriso e senta ao meu lado
Contempla comigo
Mais um pôr do sol

Cessa, então, o tempo
o agora é eterno...
Eterno hoje...
Eterno para sempre...

Eu te espero, meu Senhor
a cada dia te aguardo
Torno-me um só com Seu amor
Já não sou eu mais que vivo,
mas Você que vive em minha alma

Cessa, então, o tempo
o agora é eterno...
Eterno hoje...
Eterno para sempre...

Com Você, meu doce Jesus
Aprendo a dançar
a melodia da vida...
Aprendo a ouvir
a quietude dos dias...

Tudo se reveste da Sua leveza!

E a vida vai ficando eterna!
Fátima Regina






domingo, 12 de abril de 2009

QUAL SERÁ A NOSSA OBRA?



O século XXI chegou com um nível de exigências altíssimo. O mundo precisa da nossa capacidade intelectual, emocional, da nossa competência técnica, científica, entre outras possibilidades. Porém, como disse Cortella (2008), cada vez mais eu me convenço de que estamos vivendo a era da síndrome do possível, do “faço o que posso”. Passamos os dias afirmando e reafirmando que fazemos o que podemos. Vivemos nos limitando ao possível, evitando qualquer tipo de esforço considerado desnecessário.
Não mais nos lembramos dos nossos dons e talentos, marcas registradas em nossas vidas, que podem e devem ser colocadas a serviço do desenvolvimento e evolução da nossa espécie, da nossa humanidade.
Eu venho pensando sobre as conseqüências dessa síndrome...venho refletindo sobre os malefícios que vem trazendo ao nosso cotidiano. Na verdade, esse fato vem me assombrando por demais e a cada dia tenho mais certeza de que essa é uma forma de justificar nossas incompetências.
Quando falo que “faço o que posso” é porque, na maioria das vezes, nem quero saber como posso fazer diferente...me fecho às novas possibilidades e não estou disponível a fazer melhor.
Além disso, vivemos outros agravantes. Imagine um copo de água metade cheio e metade vazio. Quantas vezes olhamos para esse copo e vislumbramos somente aquilo que está faltando, focamos as dificuldades e sobrevalorizamos as falhas...falhas nos outros, nas circunstâncias e até em nós mesmos. Essa é uma estratégia equivocada, errada!!!
Necessitamos mudar o foco!! Precisamos olhar a metade que está cheia e verificar, com todo o cuidado, quais os potenciais e capacidades de resolução que uma determinada situação nos apresenta.
Para isso, precisamos nos livrar das velhas amarras!!! Não será necessário um ato heróico, nada de extraordinário tem que ser feito. Comecemos pelas coisas simples, porque é no trivial, no comum do nosso dia a dia que as mudanças podem ser gestadas.
A partir das nossas pequenas escolhas, das nossas pequenas gentilezas...a partir da miudeza dos gestos e olhares cuidadosos é que podemos dar a luz ao movimento que restaura, que cria e recria as possibilidades de um outro mundo possível. Eu acredito nisso!!!
Só precisamos aprender “olhar devagar”, sair da mesmice dos nossos cansaços diários e buscar um novo olhar sobre cada pessoa, cada tarefa e desafio.


“Você quer transformar o mundo? Comece lavando os pratos de sua casa!!” (autor desconhecido)

Eu insisto: não precisamos do extraordinário...o ordinário nos basta! É na simplicidade do compromisso, no trabalho realizado com responsabilidade, no talento disponível e no sorriso cotidiano que encontramos o reencantamento suficiente e necessário para fazer a vida melhor!
A proposta e a pergunta que fica é: vamos fazer juntos?!! Porque juntos somos mais...mais fortes, mais intensos, mais completos. E é na completude, nos complementos daqueles que são tão diferentes, que está a graça de viver!!


Afinal...pensa nisso: qual será a nossa obra????


Abraços


Fátima Regina

quinta-feira, 9 de abril de 2009

CONTEMPLANDO OS ÚLTIMOS MOMENTOS DO NOSSO JESUS...



A Paixão de Cristo inflama nosso espírito, queima nossa alma com o fogo do Espírito Santo, e nos mobiliza a refletir. Viver a experiência de uma “Semana Santa” nos faz perceber que, muito além do sofrimento físico, Jesus sofreu, intensamente, sentimentos de solidão e abandono. Acredito que todos nós, em algum momento das nossas vidas, já nos sentimos sozinhos. Por isso, para começar esta reflexão vamos pensar sobre...



A solidão e o abandono dos nossos corações...



O ser humano vive uma época de completo isolamento, está se tornando uma “ilha cercada de tecnologias por todos os lados”, com a possibilidade de se comunicar em questão de segundos com o outro...outro que pode estar em qualquer lugar deste mundo! Contraditoriamente, vive a era da solidão mais profunda e de um sentimento doloroso de abandono. Abandono, principalmente, das pessoas que mais amamos, nos dias em que mais precisamos. São dias em que nosso coração só queria ouvir “estou aqui, conta comigo”, mas o vazio gritante da indiferença traz a sensação de que tudo e todos estão tão distantes.
São também muitos os momentos em que somos nós que nos afastamos daqueles que pedem nosso apoio, justificados, sempre, pela nossa falsa falta de tempo. Na verdade, estamos desacostumados de olhar nos olhos do outro ou, se olhamos, é com tanta brevidade que não dá tempo de perceber o que se passa no coração alheio, até porque isto “não é da nossa conta”.
Estamos sem tempo para ser gente!!
Viver nesta dinâmica do mundo moderno tem um preço alto demais! O ser humano se desumaniza a cada dia e isto acontece em todos os aspectos e dimensões... na família, na escola, no ambiente acadêmico, nos locais de trabalho e até mesmo nas comunidades religiosas.
Digo tudo isso para que possamos contemplar os últimos momentos do nosso doce Jesus, com seus sentimentos tão humanos, e, ao mesmo tempo, nos encontrar com o Cristo divino e ressuscitado ao final desta caminhada.


Contemplando os Seus últimos momentos...
O pedido de ajuda...



Nos dias que antecederam a morte de Jesus Cristo o SEU coração estava cheio de tristeza. Podemos observar em Mateus, 26, que ELE antecipava aos estimados amigos e companheiros de jornada os SEUS sentimentos de abandono, a certeza da traição que estava por vir, previa a fraqueza dos discípulos:

Em Getsêmani ELE disse: Em verdade vos digo: um de vós me há de trair...Nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás...Minha alma está triste até a morte.

ELE sabia que deveria “tomar o cálice amargo” como homem e não como Deus, porém, em um momento de intensa aflição, disse: Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Mas, logo em seguida, falou: Meu Pai, se não é possível que este cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade!
A força divina deste Homem quis redimir a humanidade, não quis somente “melhorar” a natureza humana, mas, sim, transformá-la. Transformar o homem em um ser de amor, purificado e lavado de todo o mal.
Pouco tempo antes de Sua prisão, Jesus convidou seus amigos: Ficai aqui e vigiai comigo. Pediu para que ficassem com ELE...pediu ajuda! Eles, porém, com seus corpos cansados e estressados pelo medo, adormeceram...
Quantas vezes nós também estamos adormecidos diante do pedido de Jesus para que fiquemos atentos e vigilantes para o outro que precisa de nossa ajuda, da nossa caridade. Somos covardes e, na nossa fraqueza humana, deixamos o nosso Jesus sozinho, largamos o próximo sem consolação e seguimos adiante sem piedade.


A traição, o abandono...




Judas, o traidor, combinara com os soldados este sinal: Aquele que eu beijar, é ele. Prendei-o! Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse: Salve, Mestre. E beijou-o. Assim, prenderam Jesus e, então, os discípulos o abandonaram e fugiram.
São tantos os momentos em nosso dia a dia em que traímos a vontade de Deus para nossas vidas. Mergulhamos nos valores do mundo e abandonamos os olhares suplicantes de afeto, fugimos das necessidades das nossas comunidades, do compromisso em dar uma resposta mediante as dificuldades encontradas na família, no trabalho,...é mais fácil eu me omitir, afinal eu “não tenho tempo”, preciso trabalhar compulsivamente para acumular ou consumir, necessito manter meu padrão de vida, cuidar da minha formação, ser competitivo no mercado de trabalho, tenho que ser o melhor no que faço...


A humilhação...o silêncio...




Cuspiram-lhe então na face, bateram-lhe com os punhos e deram-lhe tapas... Muitas acusações foram feitas contra Jesus... Ele, porém, nada respondia.
Jesus nada fala diante o julgamento do homem, simplesmente silencia sua alma...abandonado, no auge de SUA humilhação, se cala...
Qual de nós aceita a humilhação??? O ser humano pouco ou nada aprendeu com este exemplo de Cristo, somos condicionados a revidar mediante os desafios do mundo, treinados a responder rapidamente e não deixar ninguém ”passar por cima” do que temos, do que fazemos e do que pensamos. Fazer justiça pelas próprias mãos, eis a nossa grandiosa meta, a qual nos vangloriamos em atingir. Falar muito e calar pouco no afã de estar sempre evidenciando o que acreditamos ser nossas virtudes e camuflando nossos defeitos.


O perdão do Deus abandonado...




Cuspiam-lhe no rosto e, tomando da vara, davam-lhe golpes na cabeça. Finalmente o crucificaram...Mais uma vez ELE demonstrou SEU sentimento de abandono: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?
No ápice do SEU sacrifício Cristo aceitou, compreendeu, perdoou e justificou os nossos erros: Pai, perdoai, porque eles não sabem o que fazem!!!
Somos impulsivos por natureza, agimos sem pensar. Eis que é chegado o momento de refletirmos sobre o que estamos fazendo das nossas escolhas. Temos que nos conscientizar e lançar um novo olhar para a cruz, perceber o sofrimento do corpo, mas, principalmente, a dor que ia na alma de Jesus. Entender que toda esta agonia transformou-se em bênçãos, porque o amor misericordioso de Deus, manifestado na cruz, muda o rumo da história de toda a humanidade...

E para as nossas vidas, o que ELE pode mudar???

Devemos contemplar o caminho da cruz, a morte, a dor e o sacrifício de Jesus como uma passagem para a vida nova. Necessitamos deixar morrer em nós tudo que é empecilho para a graça: a nossa ira, nosso orgulho, nossas maledicências, nossa ambição desmedida, nossos sentimentos negativos mais ocultos,... Precisamos tomar a nossa cruz, ainda que pesada demais, na certeza de que Jesus estará sempre junto conosco nesta jornada.


A ressurreição... A vida renovada...




Depois de entregar para o Cristo tudo que nos afasta do bem, devemos tirar os olhos da SUA cruz, não podemos buscar Jesus no sepulcro vazio, “porque ELE vive”. Necessitamos tomar a decisão de “subir à Jerusalém”, precisamos pegar a estrada, nos colocar em movimento, e ressuscitar com ELE. Esta estrada está a nossa frente, é longa, estreita, “mas é feita para chegar”.
Vamos “afastar a pedra” do “nosso sepulcro”, remover todos os obstáculos que nos impede de viver em plenitude, nos desacomodar dos esquemas, da rigidez, das limitações de visão e ampliar as possibilidades, alargar os horizontes. Sair da estreiteza do “ter” para a beleza do “ser”.
Fazer ressuscitar o nosso compromisso em transformar a triste realidade do ser humano, a nossa capacidade de partilhar, de perdoar, a nossa afetividade, o nosso amor, a nossa honestidade e transparência diante dos nossos companheiros de caminhada. A alegria da Ressurreição nos traz vida renovada, não nos deixa parados, nos impulsiona a “passar para a outra margem”, onde poderemos ver o sol nascer todas as manhãs com um olhar de esperança em um mundo repleto do “fogo novo” que inflama o povo de Deus e, verdadeiramente, transforma as nossas vidas.


Ao final da travessia da quaresma...




Ao final desta estrada nos encontramos com o próprio Jesus, divino e ressuscitado, que nos faz o convite: Vem e segue meus passos. No mundo haveis de ter aflições. Mas, coragem! Eu venci o mundo. Venci por cada um de vocês, para que compreendessem que és precioso aos meus olhos, porque eu te aprecio e te amo, hoje e pela eternidade.


VAMOS TODOS EM BUSCA DE REALIZAR “O SONHO MAIS LINDO QUE DEUS SONHOU”...
FELIZ RESSURREIÇÃO DE JESUS PARA TODOS VOCÊS!!!! VIDA NOVA...SONHOS NOVOS...



ABRAÇOS E FIQUEM COM DEUS



FÁTIMA REGINA






TEXTO ELABORADO COM BASE NO EVANGELHO DE MATEUS, CAPÍTULOS 26, 27 E INSPIRADO NOS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS “CAMINHO DA CRUZ” E “A RESSURREIÇÃO” (CEFAS, LONDRINA, 2006)