quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PARÁBOLA DO BAÚ


Era uma vez um belíssimo baú, feito de madeira nobre e coberto de um fino revestimento acetinado. Ele ficava em um belo lugar, majestoso, embaixo de uma ampla janela, através da qual raios do sol e a brisa fresca da manhã o tocavam com suavidade todos os dias. Nele eram guardadas somente as peças mais refinadas e os raros tesouros, herança de tempos remotos.
Os anos iam passando e o baú começou a perceber alguns riscos em sua tampa, um pouco de poeira, além de pontos manchados na parte lateral. Resolveram, então, dar uma retocada em sua pintura, fato que melhorou bastante sua aparência. Daí por diante, foram tantos os retoques...tantas cores diferentes, que não havia mais como se lembrar o que era, sob as várias camadas de tintas sobrepostas.
Já não mais eram guardadas coisas importantes em seu interior...agora depositavam tudo o que estava sobrando e não tinha mais utilidade: objetos velhos, quebrados, jornais e revistas com notícias ultrapassadas...o peso era crescente, ano após ano, e isto chegava a trazer muito sofrimento ao velho baú.
A pintura, desbotada, rachava e descascava de alto a baixo, graças aos empurrões que davam no coitado, agora colocado longe da vista das pessoas...estava no fundo do porão da casa, cheio de sujeira, com cheiro de mofo e coberto com um tecido velho e rasgado. Nem mesmo ele se recordava da sua natureza e beleza inicial.
Em um belo dia, o baú se viu nas mãos de um marceneiro e esperou, como sempre, uma nova camada de tinta...mas isso não aconteceu. Ele começou retirando todo o conteúdo do interior do baú...um por um...depois, cuidadosamente, limpou cada cantinho, com um tecido macio e perfumado. Após tantos anos o baú ficou leve, livre do peso que o tempo depositou em sua história.
Em seguida, o marceneiro começou a raspar a pintura. Fazia aquele serviço com a autoridade de quem tinha muita experiência, mas, ao mesmo tempo, o fazia com muita paciência...de camada em camada. E como isso doía! O baú chorava desesperado e pensava que não iria agüentar a dor daquele momento!
O marceneiro foi removendo as camadas que não eram parte da natureza do baú e estavam depositadas sobre o móvel, disfarçando seus defeitos. Ele procurava evitar machucar a madeira original, da qual o baú era feito.
Enfim, toda a beleza natural estava começando a ser exposta...a vida foi se renovando, depois de tanto tempo. Quando acabou essa restauração o baú, por orgulho, quis voltar ao seu lugar de destaque, para viver a glória daquela conquista!
Assim, como o tempo não podia parar, a vida continuou. Os sinais de vitórias foram se dissipando. O baú percebeu sua madeira rústica e sem brilho e o peso das coisas velhas se acumulando. Foi aí que ele teve muito medo e entendeu que precisava voltar rapidamente às mãos daquEle que o havia restaurado.
Chegando lá, o marceneiro pediu que o baú esperasse, para fazê-lo tomar consciência de sua própria fragilidade. Passado algum tempo, ungiu toda a madeira com um óleo que lhe deu uma nova aparência... delicada e formosa. O baú compreendeu, finalmente, que tinha necessidade do toque suave do marceneiro não só uma vez, mas para sempre! Uma vez restaurado por Ele, seria somente através dEle que poderia se manter belo e fortalecido!

PARA REFLETIR: Qual a semelhança da parábola do baú com a sua vida? Considere o baú sendo você e o marceneiro sendo o nosso doce e amado Jesus. Boa reflexão!



Abraços

Fátima Regina

OBS: Esta parábola foi inspirada (e traz traços muito semelhantes) em outra parábola (da cadeira), contida no livro de Spencer Custódio Filho (S.J)- “Exercícios na Vida Cotidiana- EVC”- Edições Loyola.