quinta-feira, 18 de setembro de 2008

EU QUERO APRENDER A “OLHAR DEVAGAR”...



Vivemos os tempos da pós-modernidade...tempos de “pouco tempo”, onde a pressa dita as normas de uma vida sem paciência. Estamos com a “vista cansada”!!! Estamos cansados de tanto ver e, assim, já não conseguimos enxergar...perdemos a nossa capacidade de simplesmente...olhar.
Saímos todos os dias das nossas casas, muitas vezes percorrendo os mesmos caminhos, porém não mais percebendo o encanto, as novidades, os espetáculos que o universo nos apresenta todos os dias. O mais sério disso tudo é que também somos incapazes de perceber as pessoas...banalizamos os olhares para os que nos cercam...é aí que mora o perigo da chamada indiferença, da falta de vontade em compreender o humano que habita no outro.
Como podemos aspirar à condição de “ser humano” se nos olhamos com tanta brevidade ou se nem mesmo somos capazes de nos olhar? Onde está a medida do homem para avaliar o seu semelhante? A medida de avaliação do ser humano pós-moderno está nas suas próprias necessidades...é “olho no próprio umbigo”, os limites estão bem claros.
No decorrer dos nossos dias, os “frutos amargos” são facilmente percebidos na nossa incapacidade de perdoar, nas dificuldades em nos abrirmos a um conhecimento mais profundo, na nossa falta de generosidade e insensibilidade diante dos sofrimentos e problemas do outro. Isso tudo vai enrijecendo o nosso coração com atitudes cada vez mais egoístas, que nos fecham e nos fazem mestres na arte dos julgamentos apressados e precipitados, fato que vem causando tantos estragos na alma humana.
Vou contar uma história para vocês:
Um homem tinha quatro filhos...ele queria que seus filhos aprendessem a não julgar as coisas, as pessoas, de modo apressado. Por isso, ele mandou cada um em uma viagem, para observar uma macieira que estava plantada em um local distante.

O primeiro filho foi lá no Inverno, o segundo na Primavera, o terceiro noVerão, e o quarto e mais jovem, no Outono.
Quando todos retornaram o pai os reuniu e pediu que cada um descrevesse o que tinham visto.
O primeiro filho disse que a árvore era feia, torta e retorcida.O segundo filho disse que não...ela era recoberta de botões verdes e cheia de promessas.
O terceiro filho discordou: disse que ela estava coberta de flores que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas...ele poderia arriscar dizer que eram a coisa mais graciosa que ele jamais tinha visto.O último filho discordou de todos eles: disse que a árvore estava carregada e arqueada, cheia de frutas, repleta de vida...

O homem então explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto apenas uma estação da vida da árvore. E continuou:"Não se pode julgar uma árvore (ou uma pessoa) apenas em uma estação... a essência, a alegria e o amor que vêm daquela vida podem apenas ser medido ao final, quando todas as estações estão completas”. (Autor desconhecido)

Nós encontramos as pessoas ao longo da nossa existência em diferentes estações, como as quatro estações dessa história. Se desistirmos de alguém quando for Inverno, perderemos a beleza da sua Primavera, a alegria de seu Verão e a expectativa do seu Outono. Não podemos permitir que a dor e as tristezas de uma estação destruam o potencial de felicidade de todas as outras. Não julgue o outro, ou os acontecimentos, apenas por uma estação difícil.
Tudo o que nos acontece, e especialmente as pessoas que passam por nós, precisam de um olhar mais vagaroso, contemplativo. Esse é um olhar pouco comum e “nem sempre é fácil ser portador de um olhar raro. É mais fácil integrar a multidão e suas soluções simplórias” (Pe Fábio de Melo).
Jesus era portador desse olhar...um olhar raro, fascinante, que tinha (e tem ainda) o poder de “ver o que a multidão não via”. Ele procurava ver além...buscava na essência da alma de quem se aproximava d`Ele e encontrava as verdades escondidas no recôndito dos corações, tão feridos pelo tempo. Ele tinha (e tem ainda) a certeza de que “em cascalhos disformes e estranhos, diamantes sobrevivem solitários” (Pe Fábio de Melo).
Eu almejo este olhar...quero aprender a olhar devagar tudo o que me acontece e todos os que passam pelo meu caminho, porque tenho a confiança de que tudo pode ser modificado por inteiro, quando olhamos com bondade...quando temos o tempo suficiente e necessário para perceber, compreender e verdadeiramente amar.
Por tudo isso, Senhor meu Deus, eu peço a graça: "Pela doçura envolvente da Tua caridade, arrebata-me o coração e a inteligência para fazê-los aderir a Tua verdade”. Dá-me um olhar que, de tão vagaroso, possa eu contemplar a Tua face em cada pessoa que passar por meu caminho. Dá-me um olhar demorado, cheio de compaixão e pronto para sorrir para os que precisarem de mim. E assim seja...

Este texto foi inspirado no livro “Quem me roubou de mim” do Pe Fábio de Melo e no Exercício Espiritual
“O Pecado Venial” da minha querida Comunidade CEFAS, Londrina, 2008.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

É TEMPO DE TENTAR DE NOVO!!!



O ser humano tem uma mania incrível de transferir suas culpas para o destino, está sempre encontrando pretextos para seus erros, fugindo do próprio reflexo no espelho que mostra, tão somente, suas verdades. Diante dos acontecimentos e problemas na vida, quantas vezes nós falamos ou ouvimos alguém dizendo: isso estava escrito nas estrelas...afinal, tudo está predestinado a ser como é. Vivemos afirmando e reafirmando: não tem jeito não...a vida me fez assim e quem quiser me amar tem que me aceitar do jeito que eu sou. É dessa forma que vamos seguindo nossos caminhos...apegados às idéias fatalistas que acabam por nos escravizar, nos paralisar nas coisas ruins...vivemos presos nos nossos desafetos.
Permitam-me contar uma história que tem ligação com esse tema e fala mais ou menos assim: em uma cidade do interior de Minas Gerais existia um mendigo que ficava na porta da igreja matriz. Ele ficava por lá, sentado no chão pedindo esmolas...tinha uma ferida muito grande na perna que o fazia sofrer já há muitos anos, mas ele era resignado, nada fazia para mudar a situação...ia simplesmente vivendo, dia após dia, com as migalhas que recebia das poucas pessoas que tinham caridade no coração. Um dia, surgiu um médico novo na cidade que ofereceu tratamento para a sua ferida. O pobre homem falou que não precisava se preocupar, pois ele não saberia viver sem aquela ferida que lhe acompanhava há tanto tempo...ela já fazia parte da sua vida e era dessa forma que ele conseguia o seu sustento.
Acho que é um pouco assim que vivemos...somos apegados às nossas “feridas”...limitados por nossos medos, fragilizados pelos nossos afetos desordenados, sentimentos que nos condenam a ficar parados em nossos defeitos, nossos erros...paralisados nas nossas amarguras, fato que nos impede o avanço, a superação.
Temos que mudar essa história!! Precisamos nos conscientizar, como dizia nosso saudoso Pe. Léo, de que a única coisa que está realmente escrita para cada um de nós permanece muito bem guardada no coração de Deus: somos predestinados ao céu...somos predestinados à felicidade!!! Mas para isso acontecer...para que eu possa encontrar a felicidade, é preciso “tentar de novo”. Vamos lembrar uma passagem da vida de Jesus, em Lucas 5, que diz assim:

"E aconteceu que, apertando-O a multidão, para ouvir a palavra de Deus, estava Ele junto ao lago de Genesaré, viu estar dois barcos junto à praia do lago e os pescadores, havendo descido deles, estavam lavando as redes. E, entrando num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; assentando-se, ensinava do barco a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar. Respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a Tua palavra, lançarei a rede.E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes que rompia-se-lhes a rede".

Como Simão, nós também somos chamados a, novamente, lançar nossas redes. “Tentamos antes, não deu!” Jogamos nossas redes e elas voltaram vazias do bem...não conseguimos entender o propósito de tantas amarguras, das frustrações e decepções que se fizeram presentes no decorrer da vida. Ficamos feridos, machucados pelo egoísmo, pelo individualismo do ser humano...paramos, nossa alma se entristeceu...
“Mas tentaremos de novo!” Afinal é o próprio Jesus, com sua autoridade irresistível, que nos impele a lançar as redes...confiar e aceitar o desafio de renovar os sentimentos, de perceber que somos predestinados à felicidade e à alegria.
Na verdade, o que temos a entender é que o processo do milagre é uma via de mão dupla: "o que depende de Deus Ele faz e o que depende do homem Ele espera". Simão teve que lançar novamente as redes...os serventes das bodas de Caná tiveram que levar as talhas até Jesus para a água ser transformada em vinho. Assim nós também temos que fazer, com toda a fé e confiança nas promessas de Deus: lançar outra vez as nossas redes...levar mais uma vez as nossas talhas até Jesus e dizer de todo o coração: Senhor, hoje é o meu tempo de tentar de novo!! Vem em meu auxílio!!!

Este texto foi inspirado no Exercício Espiritual “Tentar de novo”- Comunidade CEFAS, Londrina-PR, agosto de 2008.

domingo, 7 de setembro de 2008

No silêncio de minha alma ...




No silêncio de minha alma, posso sentir o olhar de Deus me observando, cuidando de mim e me mostrando o caminho...
Posso ouvir o próprio Deus, através da natureza, do simples e belo espetáculo diário do pôr do sol e do cintilar das estrelas.
É aí que as máscaras se desfazem...fica “nua” a menina...a mulher
A menina que busca a medida certa...o equilíbrio, a alegria
A mulher que busca ser justa e também ser misericordiosa diante do mundo
Assim sou eu...
Por vezes rio turbulento, agitado...outras vezes a calma de um lago transparente
Sou pássaro ferido diante dos males do homem, mas também sou pássaro livre alçando vôos cada vez mais altos
Algumas vezes me encontro, outras vezes eu me perco
Sou brisa suave...também sou vento forte
Sou deserto e sou multidão
Estou a procura...e num mergulho no mistério divino encontro o sonho mais lindo que Deus tem para mim...e assim sou plenamente feliz!!

SEMEADORES DO AMOR...




Dizem que, quando nascemos, Deus segura delicadamente nossas mãos e nos entrega uma pequena e linda chama...a nossa essência divina, um pedaço DeLe em nós. Assim, nos envia para este mundo e diz: “Segue seu caminho e faz dessa chama uma grande fogueira...vai ser luz para os que passarem por você...vai transformar e iluminar o dia a dia daqueles que encontrar.”

A jornada é dura, o caminho é pedregoso...vivemos dias tristes, solitários. Muitos de nós passa por este planeta com um pequeno pedaço de cinzas nas mãos...com aquela chama divina totalmente apagada e pouca diferença faz para o mundo.

No entanto, existem outras pessoas que levam a sério a proposta divina e conseguem acender uma “baita fogueira” a partir da pequena chama que nos foi dada na graça de Deus. Essas pessoas trazem no peito um coração inquieto que insiste em disparar diante do sofrimento e da dor do homem, trazem na alma a marca daqueles que acreditam...daqueles que nunca desistem. São os chamados semeadores do amor...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A NOSSA FALTA DE FÉ...QUANDO SOMOS “TOMÉ”...




Após a ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos...imaginem a alegria intensa que viveram naqueles momentos. Tomé, porém, não estava presente. Chegando depois, junto ao grupo, os outros discípulos lhe disseram:
Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei!
Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco!
Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé.
Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!
Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto! (Evangelho de João-20- 25,29)
Tomé, um dos doze escolhidos por Jesus, era um homem com espírito crítico aguçado, para tudo tinha uma condição de acreditar, exigia provas concretas, tinha que “ver para crer”. Cristo na sua infinita paciência com Seus queridos companheiros, apesar de todo abandono que viveu em Seus últimos momentos, chama Tomé para chegar mais perto e tocá-Lo da forma que quisesse. Este homem duro de coração percebe que é o próprio Cristo somente após tê-Lo tocado. Jesus aproveita a situação para ensinar a cada um de nós e aos Seus apóstolos que devemos crer com o coração e com toda a força de nossa alma, independente do que os nossos olhos possam ver.
Quantas vezes somos tentados “a ser Tomé”?? A dizer: “eu preciso ver para crer”??Todos os dias!!!! O mundo nos apresenta situações em que o “verme” da dúvida invade, contamina nossos pensamentos e amarga nossa alma. São as nossas limitações da condição de sermos humanos, susceptíveis às oscilações em nossa fé, que se manifestam nos momentos de maiores dificuldades, de profunda tristeza, tempos em que a nossa compreensão restrita perturba a conexão com o divino que habita em nós.

NAS DIFICULDADES... HOMEM E MULHER DE POUCA FÉ...

São exemplos de momentos de profunda tristeza em nossas vidas: a doença grave, a violência gerando a morte repentina, o desemprego, os jovens se perdendo nas drogas, as situações de dificuldades que se repetem...se repetem...entra ano, sai ano e nada acontece para melhorar. O que pensar diante do assassinato de uma criança ou de um pai/mãe de família??? Onde está o nosso Deus que não impediu que isto acontecesse??? O que falar diante da doença, às vezes incurável, que aparece de repente? Como encarar um filho que está perdido nas drogas? Em que devemos crer quando nada acontece para aliviar nossos sofrimentos?? São dias em que tudo está sombrio...sem luz...é o desespero...
Quando o “absurdo” acontece conosco ou com alguém muito próximo, aquele sofrimento profundamente dolorido tem que ter uma explicação, tem que ter solução!!!! A nossa tendência é fixar o olhar no negativo, pois somos facilmente afligidos pela angústia, pela ansiedade em querer que tudo se resolva por um milagre e quando este prodígio não acontece, ficamos decepcionados, tristes, a dor e a agonia vencem em nossa vida.
Diante do inevitável, do sofrimento, qual a reação do homem moderno? Ele cai em depressão!! Acredito que hoje é este o diagnóstico mais comum da medicina para os males que afligem a raça humana. Esta doença que assolou a humanidade do século XX com certeza será o grande mal para o século XXI. Ela não escolhe classe social, sexo ou idade, atinge a alma dos nossos jovens, adultos, idosos, e até mesmo as nossas crianças. Isto tudo porque vivemos a “crise do amor” no nosso coração, o que gera a crise do diálogo na família e na sociedade como conseqüência.
Esta é a questão: somos homens e mulheres de pouca fé...muitas vezes covardes e desanimados diante dos desafios e problemas.
A BOA NOVA...A ESPERANÇA...
Então, vem o anúncio da esperança: um Homem, chamado Jesus Cristo, veio e propagou que somos amados, somos preciosos e que devemos espalhar as sementes do amor, em uma época nem tão diferente da que vivemos hoje, tempos de homens injustiçados e infelizes. Viveu e morreu justificando as nossas escolhas, tolerou as nossas fraquezas e falou de um amor jamais proclamado, porque Ele queria transformar a nossa humanidade. Logo após a Sua morte, veio a notícia da Sua ressurreição, “eis o mistério da fé”...
Diante do anúncio da ressurreição de Cristo podemos seguir por dois caminhos:"Compreender para crer ou crer para compreender"(Santo Agostinho). Existe uma diferença notável entre estas duas opções. Usar o olhar do raciocínio, do compreender para crer, implica em muito estudo, pesquisa, muita interpretação da palavra. É a busca em encontrar argumentos que justifiquem a fé. Devemos ter consciência que neste caminho corremos o risco de passar a vida inteira estudando, tentando explicar o que não é explicável pelo raciocínio dos homens, pela verdade humana e não alcançar a fé que tanto buscamos.
Por outro lado, quando vejo com o olhar da fé, quando creio e depois compreendo, me debruço e me inclino com humildade diante da verdade essencial que é Jesus, não necessito explicações, porque eu já creio no mistério, independente do meu “eu racional”. Percebo que a palavra de Deus não é para ser “dissecada”, mas foi escrita para ser experimentada e para transformar a minha vida e o mundo!!!

UM NOVO OLHAR...PRECISAMOS VER ALÉM...

Sofrimentos e aflições sempre acontecerão em nosssos caminhos, mas como extrair o sorriso da tristeza? O que pode ser modificado é a forma de olhar!! O mundo precisa de homens e mulheres de muita fé, que tenham os olhos fixos no divino, que descubram novas formas de enxergar além...”além dos limites, dos desequilíbrios”...
Tenho que ter claro que ”quando não posso modificar um fato em minha vida eu devo pedir a Deus que este fato me modifique” (Pe Fábio de Melo). Os problemas, as pessoas, podem não mudar, no entanto eu posso mudar a forma de olhar para tudo isto. Devo fixar meu olhar no Mestre, Jesus Cristo, que me renova e não me deixa preso nas tempestades do mundo...menos murmurar e mais esperar em Deus, Aquele que vem ao meu encontro, me retira “do cativeiro” e cuida de mim. Devo ter a fé daquela viúva, cujo único filho estava morto e crer que Jesus me olha profundamente e diz: “Não chores”, estou aqui, quero converter a sua tristeza em consolação...
Mas para isso, devemos deixar de ser imediatistas, de desejar prodígios instatâneos.O tempo de espera é necessário...o silêncio em oração...e assim o processo de cura e os milagres acontecem, o coração e a alma recebem o alento e o aconchego que vem do céu e podemos saborear as maravilhas que são promessas de Deus para nossas vidas.
Não deixemos que o humano vença em nós, permitemos que do nosso cálice transborde o divino... e proclamemos todos os dias, em todos os momentos...“Meu Senhor e meu Deus, eu creio, mas aumentai a minha fé”... eu quero crer sem ter visto!!!

A NOSSA SEDE DE AMOR, O VERDADEIRO COMBUSTÍVEL DA VIDA...




É próprio do ser humano ter uma imensa sede de amor. E quando digo amor, não falo somente daquela emoção entre um homem e uma mulher... do amor romântico, mas também me refiro ao amor entre amigos, entre familiares, entre pais e filhos. Este é, sem sombras de dúvidas, o maior dom que recebemos em nossas vidas...na verdade é o combustível que libera a energia necessária ao nosso dia a dia. Porém, vale lembrar que, infelizmente, “o amor humano é miúdo, singelo... é tão frágil que podemos matá-lo” (Pe Fábio de Melo).

É importante pensar o quanto as palavras podem revelar nosso amor e também podem ferir este sentimento tão nobre, revelando, assim, nosso desamor. Ainda segundo o Pe Fábio de Melo, é necessário refletir a nossa forma de falar. A “moldura” em que colocamos nossas palavras, a expressão dos nossos olhos, da nossa boca, o “jeitinho de dizer” o que vai em nosso coração é essencial para atingirmos o outro com amor...ou sem amor.

Precisamos cuidar das palavras...precisamos vigiar as atitudes que revelam este amor que tudo move, tudo transforma, com suas clarezas e também com suas confusões, zelando esse sentimento vital como quem cuida do seu maior tesouro. Carecemos nos conscientizar de que o amor somente acontece no mundo quando eu permito que ele aconteça em mim, quando eu abro espaço para este sentimento se manifestar. Quanto mais amamos, mais nos humanizamos e mais felicidade plantamos em terra boa e fértil...então, é só esperar o tempo da colheita e saborear os doces frutos.

Este é o maior desejo da alma humana: queremos ser amados, precisamos ser reconhecidos, necessitamos sair da multidão e ter alguém com o olhar voltado para o nosso olhar...alguém para sorrir com nossas alegrias, para chorar com as nossas tristezas...alguém para nos devolver o sentido de ser em plenitude, para nos lembrar da nossa importância e do nosso valor, muitas vezes esquecidos no tempo.

A dinâmica do amor é bela demais!! Quando alguém ama profundamente consegue tocar a alma do outro, por mais distantes que eles estejam...tudo pode ser transformado. As pessoas que amam passam pelas nossas vidas e deixam as marcas do céu...deixam uma vontade intensa de querer ficar. Ficar para sempre, simplesmente, olhando o seu jeitinho de ser, sentindo o seu cheirinho, caminhando ao seu lado . Quando os nossos olhos se encontram com um grande amor dá vontade de cantar, de tomar banho de chuva, de brincar, de ser criança de novo...

Assim nascemos...com esse anseio imenso de amar e ser amado...então vamos em busca. Nesse caminho, seguimos errando e acertando...mas me parece que ainda não entendemos bem ao certo o que temos que fazer.

JUVENTUDE FICANTE E SOLITÁRIA...O AMOR ESTRAGADO...

Uma boa parte dos representantes da juventude atual caminha errante pela vida afora...na cegueira espiritual que lhe é própria, estão desiludidos e surdos aos apelos do amor verdadeiro.

As baladas são, oficialmente, os locais públicos da busca do amor. Essa busca “maluca” faz os nossos jovens cometer tantos erros... vem deixando as marcas de um amor equivocado... um amor que, de tão estragado, vem trazendo conseqüências até mesmo fatais para alguns. São tantos os vícios dessas nossas “crianças”, tanta as declarações de desamor que eles vêm fazendo para eles mesmos. Não são raras as doenças manifestadas nas almas e nos corpos dessa geração que “fica”...fica sem rumo, fica sem sentido para a vida...fica tão amarga, tão indiferente e solitária. Meu coração de mãe muitas vezes se entristece de ver aqueles olhinhos, que eu tanto cuidei, embaçados de sofrimento e aflição...ver aquelas mãozinhas que eu tanto beijei, perdidas... feridas...confusas.

Aprendi com o Pe Fábio de Melo que esse amor estragado vai nos deixando insuportáveis...o “lixo” que nos foi entregue pelo outro entra direto em nosso coração e vai deteriorando o que temos de mais precioso. Isto acontece quando descuidamos de nós mesmos e deixamos de perceber o que está nos magoando...deixamos de colocar limites e o que em nós é sagrado acaba se maculando...se contaminando. Corremos o risco de morrer antes da hora, como diz o Pe Fábio. Não a morte do corpo físico, mas a morte do espírito...do desejo de ser feliz, do brilho do olhar...a morte da nossa fé.

Devemos nos purificar , no sentido de puro-ficar, de todo este mal...jogar fora todo o “lixo”... todo este amor estragado e desgastado.Temos que ter a coragem de dizer ”Se você quer entrar em minha vida, retira suas sandálias, porque sou território santo” (Pe Fábio de Melo). Desta forma, ficamos mais criteriosos e não é mais qualquer “amor” que nos serve e nos basta, conseguimos perceber nosso valor e resgatar nossas preciosidades...nossos tesouros e sonhos...conseguimos resgatar a matéria prima de uma vida plena.

CASAMENTOS...OS AMORES FROUXOS...

Na procura do “mito do amor romântico” (Pe Fábio de Melo), daquele sentimento que ultrapassa a eternidade, seguimos nos caminhos do sacramento do matrimônio cometendo alguns erros muito sérios que acabam afrouxando as relações. Idealizamos uma pessoa perfeita, inventamos uma realidade cheia de projeções impecáveis e perseveramos na busca da expressão “e foram felizes para sempre”. Buscamos relacionamentos mágicos, aqueles que pouco exigem sacrifícios, renúncia, perdão e força. Corremos o risco da superficialidade e da busca do prazer afrouxar o nosso amor.

Esquecemos que o processo da busca da felicidade deve ser uma constante em nossas vidas, não há como achar que viveremos eternamente feito um conto de fadas. Temos que tomar consciência de que quando nos unimos a alguém e começamos uma relação, seja qual ela for, amizade, namoro, matrimônio, comunidade religiosa...nos aproximamos também de suas fraquezas e frustrações. “Juntar vidas é juntar limitações”(Pe Léo Pereira).

Na verdade, o casamento é um instrumento de Deus para a santificação de cada um dos cônjuges e a família é uma grande escola do amor. Nessa escola há dias de muitas alegrias e outros em que deveremos driblar as imperfeições e aprender com as dificuldades...são nesses momentos que devemos exercitar o perdão, palavrinha desgastada e difícil de ser colocada em prática.

Mas afinal, existe salvação para o amor humano???

ENAMORAR-SE POR JESUS CRISTO...O AMOR VERDADE

Existe um amor que, de tão forte e imbatível...que de tão manso e sereno, nunca se cansa de perdoar e por nada se abala. Este é o amor de Jesus por cada um de nós e, na perfeição desse amor, Ele nos indica os seus sinais essenciais: "O amor é paciente, é bondoso; o amor não arde em ciúmes, não se orgulha, não é soberbo, não se porta com indecência, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade; tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" 1 Coríntios 13:4-7

Quando encontramos este “amor verdade”, vivido e demonstrado por Cristo, descobrimos a graça de se enamorar por Ele. Jesus, na sua humanidade e divindade, foi capaz de perscrutar os que passaram por Ele...mergulhou fundo na alma do ser humano e enxergou com as lentes do amor cada situação... cada necessidade, cada dificuldade...nos mostrou um Deus que tem cheiro de Pai, de amigo, de companheiro de jornada e cuida de nós.

Jesus nos ensina, todos os dias das nossas vidas, que amar é estabelecer a paz, é gastar tempo com o outro, é dar espaço para as pessoas, é ter paciência e compromisso com a verdade. Amar é partilhar um pouco do que sou com o outro, é se colocar à disposição, andando lado a lado no compasso do irmão...é emprestar o olhar e os ouvidos, espalhar o sorriso...é dar abraços que “ressuscitam os vivos”, tal como Ele fez.

Você pode perguntar: mas, meu Deus, como amar aquele que me machuca? Devemos descobrir novas lentes para nossas almas...buscar o que pode ser modificado em cada um de nós. As pessoas podem não mudar, mas eu devo procurar uma nova forma de olhar através de toda agressão, porque sei que aí existe alguém pedindo ajuda...alguém que precisa ser amado. Cada vez que eu amo assim, busco, com minha humanidade e imperfeição, ser um pouco Jesus de novo.

Agora pára um pouquinho... respira fundo... contempla a cena... Jesus na sua frente, lança o olhar no fundo de sua alma e diz: Meu querido/Minha querida...Eu te amo, és precioso(a) para mim, vem caminhar comigo, te quero ao meu lado! É através de você que posso transformar o mundo...é por meio do seu amor humano que Eu posso manifestar o Meu amor divino.Vai inflamar este meu povo...coloca em seus corações o desejo de amar sem medidas, enxuga as lágrimas daqueles que sofrem, celebra a vida com aqueles que se estão alegres e somente assim você poderá enfrentar todos os males deste mundo e não haverá desafeto ou desamor que possa te derrotar!!!!!!!!!!”

Tenho a plena certeza de que Deus conta com o nosso amor para reparar todo o desamor...para eliminar a miséria do coração do homem. Por isso, precisamos ampliar os horizontes além dos nossos limites interiores, carecemos ir além dos nossos muros... invadir a alma do universo e não amar somente com palavras, mas com atitudes que revelem o amor humano e divino que habita em nossos corações!!!!


“Que o amor que me move desça do alto do amor de Deus” (Sto Inácio de Loyola)

Abraços repletos de amor fraterno!!
Fátima Regina